Escrito por: CUT-DF

Motoristas e entregadores da Ambev no Distrito...

Paralisação se estenderá até que as reivindicações por melhorias salariais e de condição de trabalho sejam atendidas

A partir desta terça-feira, 7 de agosto, estarão suspensas no Distrito Federal as entregas de bebidas fabricadas pela Ambev. A suspensão do serviço é consequência da greve dos motoristas e ajudantes de entrega da empresa Horizonte, terceirizada da Ambev. Diante da intransigência da patronal, os trabalhadores resolveram cruzar os braços até que as reivindicações por melhorias salariais e de condição de trabalho sejam atendidas.


Na manhã desta sexta-feira (3), dirigentes do Sintrabe – Sindicato que representa a categoria – e o diretor de Administração e Finanças da CUT-DF, Julimar Roberto, se reuniram com os representantes da Horizonte, mas não conseguiram flexibilizar a postura da empresa diante da pauta de reivindicação dos trabalhadores. “Vamos participar ativamente do movimento grevista e tentar garantir uma negociação positiva para os trabalhadores”, afirma o dirigente cutista.


O ponto de impasse entre empresa e trabalhadores é quanto a variável, uma espécie de gratificação financeira dada aos trabalhadores que cumprirem com todos os requisitos estabelecidos pela empresa, como meta de entrega de produtos, jornada de trabalho e outros pontos. Ao invés da variável, os trabalhadores querem receber porcentagem (R$ 0,08) por caixa de bebida vendida.


De acordo com os trabalhadores que prestam serviço para a Ambev, é praticamente impossível cumprir com todos os requisitos estabelecidos pela empresa. Getúlio Moraes, que trabalha há nove anos para a Ambev como motorista, conseguiu ganhar a variável apenas uma vez. “Nós passamos por trajeto longos, cheios de engarrafamento. Às vezes chega lá (no local da encomenda) e o cliente não está e nós temos que voltar com a mercadoria. Acaba que a gente às vezes chega aqui nove da noite”, explica o motorista.


Segundo o dirigente sindical do Sintrabe, Enésio Nunes, para que os trabalhadores possam realmente gozar do que a empresa Horizonte chama de “incentivo”, é necessário que a variável seja substituída por porcentagem por caixa vendida. “Com a gratificação em cima da caixa que for vendida, a remuneração fica mais transparente e justa. Você recebe pelo que trabalhou”, explica.


Diariamente, os trabalhadores da Horizonte que trabalham como ajudantes de entrega ou motoristas para a Ambev, têm jornada de, em média, 10 horas. Ao invés de horas extra, a empresa paga as horas excedentes pelo banco de horas que, pelo acordo coletivo, deveria ser zerado a cada quatro meses. O que, de fato, não acontece. Além disso, apenas dois trabalhadores são responsáveis por descarregar dos caminhões, todos os dias, cerca de 10 toneladas de produtos. “O motorista também tem que ajudar a descarregar as encomendas. Isso é regra da empresa e a gente não ganha nada por isso. E se a gente não ajuda, nunca conseguiremos cumprir a jornada”, denuncia o trabalhador Getúlio Moraes.


Na terça-feira, os motoristas e ajudantes de entrega da Horizonte realizarão assembleia às 8h, em frente a Ambev.