Escrito por: Hora do Povo
Controlado pelas multinacionais, o setor automotivo tem sido responsável pela maior sangria de recursos do país nos últimos tempos, especialmente no período da crise. Somente de setembro a dezembro de 2008, as montadoras enviaram para suas matrizes US$ 2,850 bilhões em remessas de lucros e dividendos. Somados aos US$ 793 milhões do primeiro semestre deste ano, o montante remetido ao exterior atingiu US$ 3,643 bilhões em dez meses.
Contribuíram para os fabulosos lucros dessas empresas estrangeiras o providencial aporte financeiro por parte do Estado brasileiro. No dia 5 de novembro de 2008, o Banco do Brasil liberou uma linha de crédito de R$ 4 bilhões às financeiras das montadoras, a fim de custear as compras a prazo. Poucos dias depois, foi a vez do banco estadual paulista Nossa Caixa destinar mais R$ 4 bilhões. Essa operação foi feita 15 dias antes deste banco ser comprado pelo Banco do Brasil.
O Banco Nacional de Desenvolvimento econômico e Social (BNDES) também injetou recursos para as multinacionais do setor. Em 17 de novembro contemplou a francesa Renault com R$ 319,3 milhões. No dia 10 de dezembro foi a vez da italiana Fiat embolsar R$ 410,9 milhões. No limbo, a norte-americana GM recebeu R$ 194 milhões em 28 de maio deste ano.
A retribuição das multinacionais para essas vultosas quantias, que ajudaram a turbinar os lucros que seriam remetidos para o exterior, foi a demissão de 11,7 mil trabalhadores, entre setembro 2008 e junho de 2009.
No encerramento do Simpósio Internacional sobre Desenvolvimento Social, no início de agosto, o presidente Lula resumiu muito bem a atuação das montadoras. "Nesta crise econômica, quem sustentou o Brasil foi o consumo da população e o governo. Entre novembro e janeiro, muitos empresários que têm investimentos já contratados deram uma recuada excepcional. O que a indústria automobilística fez foi uma vergonha", disse Lula, referindo-se de modo especial às demissões.