Escrito por: Redação CUT

Ministério da Saúde quer incluir cloroquina no Farmácia Popular

Um ministério quer excluir o programa, outro quer incluir na lista de distribuição gratuita ou com descontos de até 90% um medicamento sem comprovação cientifica. Que confusão

Agência Brasil

Enquanto o Ministério da Economia estuda extinguir o programa Farmácia Popular, que  considera ineficiente, o Ministério da Saúde discute a inclusão de medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19 na lista de produtos distribuídos gratuitamente ou com desconto de até 90% para a população.

Desde julho a pasta faz estudos sobre a “viabilidade econômica” de distribuir sulfato de hidroxicloroquina 400 mg, ivermectina 6 mg e azitromicina 500 mg para contaminados pelo vírus, que já matou mais de 121 mil pessoas no País, segundo o jornal o Estado de S. Paulo.

O estoque da hidroxicloroquina, medicamento não recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que, inclusive, suspendeu o uso em junho, deve ser grande. De acordo com o Repórter Brasil, o Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército gastou mais de R$ 1,5 milhão para ampliar, em 100 vezes, a produção da droga. A ampliação da produção entrou na mira do Tribunal de Contas da União (TCU), que investiga suspeita de superfaturamento nas compras do Exército, além da participação do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) em suposta má aplicação de recursos públicos, já que o medicamento nunca teve comprovação científica para tratar a Covid-19.

Bolsonaro nunca escondeu que defende o uso desses medicamentos no combate a pandemia, ignorando as orientações de entidades médicas e científicas, como a OMS, que já falaram várias que a droga é ineficaz. 

Dois ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, deixaram o governo, entre outros motivos, por divergências com o presidente sobre a prescrição desses medicamentos em escala nacional. Mas, a gestão interina do general Eduardo Pazuello, que começou em maio, e atendeu aos pedidos de Bolsonaro e passou a  recomendar o uso destes remédios desde os primeiros sintomas da Covid-19.

De acordo com a matéria do Estadão, se confirmada a inclusão desses medicamentos no Farmácia Popular, eles serão subsidiados pelo programa, que tem orçamento de R$ 2,5 bilhões para este ano. A cifra, hoje, é destinada a reembolsar farmácias credenciadas em cerca de 80% dos municípios do País pela venda de 35 produtos. São 20 fármacos gratuitos, como os de diabete e hipertensão. Os descontos também se aplicam a contraceptivos e fraldas geriátricas.

Segundo a tabela de preços definida pelo governo federal, custa R$ 25 cada caixa com dez comprimidos de sulfato de hidroxicloroquina 400 mg, medicamento indicado na bula para artrite reumatoide, lúpus e malária. Já dez comprimidos do antibiótico azitromicina 500 mg valem R$ 35. Enquanto caixas com dois comprimidos do vermífugo ivermectina 6 mg custam R$ 15. Os valores consideraram alíquotas de ICMS cobradas em São Paulo.