Escrito por: Redação CUT*

Milhares de mulheres fazem ato em Brasília por direitos e democracia

Caminhada em Brasília durante a 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres reuniu participantes de todo o país. Na pauta, salários iguais, combate à violência contra a mulher e fim da escala 6x1

Marina Maria | CUT-DF

Uma grande mobilização feminina tomou a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, na tarde desta terça-feira (30). A caminhada que aconteceu durante a 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres teve como tema “Por Mais democracia, mais igualdade, mais conquistas” e representou a retomada de um espaço de participação popular que esteve praticamente uma década sem acontecer, período marcado por gestões que retiraram garantias e atacaram vitórias históricas conquistadas pelo movimento de mulheres no país.

A caminhada teve início às 16h no Museu da República, de onde as participantes partiram às 17h30 rumo ao Congresso Nacional. Trabalhadoras urbanas e rurais, LBT`s, PCD´s, indígenas e representantes de diversos segmentos sociais formaram o cortejo, carregando faixas e cartazes que expressavam as múltiplas demandas e a pluralidade do movimento feminino brasileiro.

A mobilização foi organizada por entidades nacionais como a CUT, Marcha Mundial das Mulheres, Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB) e União Brasileira de Mulheres.

"Nós vimos recentemente o quanto que a pressão popular pode provocar mudanças. A classe trabalhadora continua mobilizada e nessa terça-feira é a vez das mulheres irem para as ruas", disse Amanda Corcino, secretária da mulher trabalhadora da CUT, em entrevista ao Brasil de Fato.

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Pressão direta sobre o Parlamento

O percurso escolhido para o ato não foi aleatório. Ao partir do Museu da República em direção ao Congresso Nacional. A estratégia foi de pressionar parlamentares e inserir as demandas das mulheres trabalhadoras na agenda do Parlamento.

Entre as reivindicações apresentadas estão a diminuição da carga horária sem perdas salariais, o término da escala 6x1, igualdade salarial entre homens e mulheres, isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês e fim da violência de gênero e assassinatos de mulheres. Essas pautas refletem tanto questões estruturais do mercado de trabalho quanto problemas urgentes relacionados à segurança e dignidade feminina.

Amanda Corcino, da CUT, enfatizou que a caminhada é um recado direto ao poder público: "Essa caminhada permite que nossas demandas cheguem à agenda do Congresso. Mulheres de todas as regiões estão aqui, trazendo suas realidades, mostrando que não aceitamos retrocessos nem direitos a menos".

A secretária destacou ainda que a presença de representantes de todo o território nacional evidencia que as questões levantadas não são localizadas, mas afetam mulheres em diferentes contextos e regiões do Brasil.

Retomada democrática

Thaísa Magalhães, secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-DF, destacou o significado político da manifestação: "Depois de anos de retrocessos, essa mobilização mostra que as mulheres seguem ativas, exigindo respeito e participação nas decisões que afetam nossas vidas".

A fala da dirigente ressalta um aspecto fundamental do momento político atual. Após anos de desmonte de políticas públicas voltadas para as mulheres, o movimento feminino reassume protagonismo nas ruas e nos espaços institucionais. A realização da conferência nacional, após tanto tempo de interrupção, simboliza essa retomada.

Durante todo o trajeto, as participantes reforçaram através de gritos de ordem e canções que o Brasil pertence às brasileiras. A ocupação de espaços públicos centrais da capital federal representa uma afirmação simbólica e concreta de que as mulheres não apenas reivindicam direitos, mas exigem protagonismo nas decisões que afetam suas vidas cotidianas.

Conferência Nacional como espaço de diálogo

O evento paralelo à conferência, que reúne aproximadamente 4 mil participantes até esta quarta-feira (1º), busca estabelecer um diálogo qualificado entre sociedade civil organizada e poder público sobre políticas voltadas à população feminina. A programação iniciou na segunda-feira (29) e segue até o dia 1º de outubro.

A cerimônia de abertura oficial da 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da ministra das Mulheres, Márcia Lopes, além de outros ministros de Estado, representantes dos Poderes Legislativo e Judiciário, e lideranças sociais e políticas de diferentes segmentos.

A conferência tem como objetivo central promover um debate amplo sobre as necessidades e demandas das mulheres brasileiras, construindo propostas concretas de políticas públicas que possam ser implementadas nos próximos anos. Temas como saúde, educação, trabalho, violência doméstica, participação política e autonomia econômica estão entre os eixos centrais das discussões.

 

*Com apoio de CUT-DF e Brasil de Fato