Escrito por: Fenaj

Média de mortes de jornalistas por Covid aumenta 277% e Fenaj luta por vacinação

Em live realizada no Dia Nacional de Luta pela vacina dos profissionais da imprensa, FENAJ apresenta novos dados do dossiê de jornalistas vitimados pela doença

Reprodução

Na noite desta quarta-feira, 9 de junho, Dia Nacional de Luta pela vacinação de profissionais da imprensa, a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) realizou uma live para apresentar à categoria as diversas ações que a entidade e os 31 sindicatos filiados têm se dedicado para garantir a proteção e segurança dos jornalistas na cobertura da pandemia.

A presidenta da FENAJ, Maria José Braga, anunciou que a Federação e o Sindicato dos Jornalistas da Bahia entraram com uma Ação Civil Pública na Justiça Federal, contra a União, pedindo a revisão do Plano Nacional de Imunização (PNI) para incluir os profissionais jornalistas.

Braga também relembrou que durante todo o dia foram realizadas mobilizações presenciais em diversas cidades do país, e também nas redes sociais, com participação dos jornalistas, na luta pela vacina, e que a defesa da inclusão dos profissionais de imprensa nos grupos prioritários do PNI é necessária devido ao risco e à exposição que os jornalistas estão submetidos na cobertura da pandemia.

Para mensurar a gravidade dos riscos, Norian Segatto, diretor do Departamento de Saúde e Segurança da FENAJ, divulga a cada trimestre novos dados do Dossiê de Jornalistas Vitimados pela COVID, elaborado a partir de acompanhamento de casos pelos Sindicatos e por veiculação de informações nos sites sobre mortes de jornalistas.

Neste Dia de Luta pela vacina, o diretor lembrou que o trabalho é importante e emocionalmente difícil. “Se a gente sabe a real condição da pandemia no país é pelo trabalho dos jornalistas, que têm rosto, uma vida, família”, disse.

Em 2021, até 2 de junho, foram registradas 155 mortes de jornalistas por COVID, num período de 153 dias, representando um aumento de 277% na média mensal de mortes no comparativo com o ano de 2020.

Novos dados do dossiê
(atualização em 2 de junho de 2021)

Número de mortes: 80 em 2020 / 155 em 2021
Mês com maior número de casos: março de 2021 (51 mortes)
Estados com maior número de mortes (somam 37,8% das ocorrências):

SP: 27
RJ: 24
PA: 19
AM: 17

A média de idade com maior incidência é entre 51 e 70 anos (50,4%)
10,8% das vítimas são mulheres, mas a média de idade cai quase 10 anos com relação aos homens.

Projeto de lei tramita na Câmara

O deputado federal Dagoberto Nogueira (PDT/MS) esteve presente no evento da FENAJ para apresentar o patamar da tramitação do Projeto de Lei de sua autoria que propõe a inclusão de profissionais da imprensa no Plano Nacional de Imunização (PNI).

Ele registrou que o PL está tramitando na Comissão de Seguridade Social e que é preciso intensificar a pressão nos estados junto aos deputados que fazem parte desta comissão, para que o projeto de lei seja liberado para votação em plenário. Nogueira afirmou que diversos parlamentares assinaram pela co-autoria ao PL e que ele tem certeza que quando chegar ao plenário a proposta é aprovada, por acreditar na importância do trabalho da imprensa na pandemia.

O deputado reforçou que com o governo negacionista deixando de coordenar as ações na pandemia, com o presidente dando péssimo exemplo nas ruas, fomentando aglomerações e não respeitando medidas sanitárias como o uso de máscara, coube aos jornalistas informar e orientar a população. “A imprensa está cumprindo o papel de fornecer dados sobre a pandemia para a sociedade, porque o governo até hoje não tem o comando da organização da pandemia”, disse.

Nogueira também reafirmou seu apoio à luta dos jornalistas pela vacina e falou da importância do trabalho da imprensa na linha de frente denunciando desrespeitos aos protocolos. Ele conta que perdeu amigos jornalistas que atuavam na linha de frente e que o papel que ele está exercendo não é somente o de defender a vida dos jornalistas, mas de defender o país, pois os jornalistas orientam a população na pandemia, até mesmo sobre o uso de máscara.

A luta do Sindicato na Bahia, o primeiro estado a vacinar jornalistas

O presidente do Sindicato dos Jornalistas da Bahia, Moacy Neves, falou sobre as ações que levaram o Sindicato à conquista da vacina para os jornalistas. Ele disse que os argumentos para a articulação foram elaborados a partir do dossiê de vítimas e dos debates nacionais junto a outros sindicatos organizados pela FENAJ, em que se consolidou o entendimento da importância dos jornalistas serem vacinados.

Neves relatou que o principal enfrentamento ocorreu logo depois da conquista da vacina, pois na manhã seguinte o Ministério Público Federal tentou inviabilizar a vacinação de jornalistas e o MP estadual entrou com mandado de segurança, negado pelo Tribunal de Justiça, para impedir a vacina aos jornalistas. Ele explicou que ainda tramita no STF uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, e que a FENAJ e o Sindicato entraram com recurso como amicus cure para ter acesso ao processo. Ele acredita que a decisão dessa ação terá reflexo em todos os estados do país.

Vacinação de jornalistas pelo país

Os jornalistas da Bahia continuam sendo vacinados e a vacinação também já ocorre no Maranhão, Mato Grosso e na cidade de Teresina.

A presidenta da FENAJ, Maria José Braga, convidou a categoria a aderir ao abaixo-assinado pela vacinação disponível no site, que será enviado ao Ministério da Saúde, agradeceu o reconhecimento público, destacando que os jornalistas estão a serviço da sociedade e exercem papel preponderante, afirmando que se não fosse o trabalho dos jornalistas a situação do país estaria pior, mencionando a formalização do consórcio de veículos de imprensa para monitorar os números de positivados pela doença, de mortes, de casos recuperados, e agora, da vacinação da população.