Escrito por: "Chega de bomba, chega de ataque, fora imperialismo do Iraque!"

Mais de 20 mil na Paulista contra Bush

Mais de 20 mil manifestantes marcharam pela avenida Paulista na tarde desta quinta-feira, 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, em repúdio à presença de George W. Bush em território brasileiro. Portando faixas e cartazes contra a ocupação norte-americana no Iraque, mulheres trabalhadoras, donas de casa, sem terra, estudantes e portadoras de necessidades especiais, aposentadas e pensionistas, se concentraram na Praça Oswaldo Cruz, a partir das 15 horas, de onde saíram em animada passeata até o Masp, em um trajeto de cerca de dois quilômetros.

Além do cartaz da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) com os dizeres "Abaixo o terrorista nº 1! Fora Bush!", com a imagem de Bushitler, dezenas de cartazes artesanais traziam a figura do carniceiro identificada com suásticas. Bandeiras do Brasil e da Palestina, do PT, PCdoB e MR8 tremularam lado a lado às das entidades.

"Chega de bomba, chega de ataque, fora imperialismo do Iraque", "Fora já, fora já daqui, fora Bush e o FMI" e "a nossa luta é todo dia, somos mulheres e não mercadoria", foram algumas das palavras de ordem entoadas durante todo o percurso, que contou com expressiva e harmônica participação masculina.

ABUSO - Agredindo o clima pacífico e ordeiro da manifestação, policiais militares da Tropa de Choque tentaram comprometer o brilho do evento, despejando balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e de "efeito moral" - termo ridicularizado por uma polícia que atua como guarda pretoriana tucana - de forma covarde contra os manifestantes, grande parte mulheres, muitas jovens, algumas idosas e até em cadeiras de rodas. A quem serve esta polícia, que será utilizada nos jornais para aferir o número de pessoas presentes ao protesto, a fim de diminuir a expressividade do ato? Para quem faz segurança? Até o presidente da UNE, Gustavo Petta, foi ferido na perna, no cotovelo e nas costas, por estilhaços de uma bomba, além de ter a camiseta rasgada.

Como afirmou a secretária nacional de Organização da CUT, Denise Motta Dau, no encerramento do ato, no Masp, após os manifestantes terem feito a Polícia Militar recuar da sua agressão, "nossa voz vai ecoar mais forte que as bombas da polícia do PSDB e os canhões de Bush". A política do governo norte-americano, denunciou Denise, "é de retrocesso na luta das mulheres, seja nos Estados Unidos, onde cortou verbas dos programas sociais e promove o desmonte dos direitos sexuais e reprodutivos, seja no repasse a entidades que lutam contra a aids nos países africanos". Ao mesmo tempo, frisou, estamos nas ruas neste 8 de março, comemorando os avanços obtidos no Brasil, como a Lei da Maria da Penha, de combate à violência contra a mulher. "A repressão policial covarde que assistimos nesta avenida mostra a necessidade da luta por justiça e contra a impunidade", acrescentou.

Conforme Nalu Farias, da Marcha Mundial de Mulheres, "a luta é contra a guerra e a militarização, unindo e mobilizando para derrotar o neoliberalismo, a hipocrisia da criminalização do aborto e as concepções capitalistas, machistas e racistas".

ESTUDANTES - Na avaliação de Lúcia Stumpf, diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE), a manifestação cumpriu o seu papel, "pois disse um não contundente à política belicista de Bush, que troca sangue por petróleo ao invadir o Iraque e viola a soberania do seu povo". "No Brasil, deixamos claro que ele não é bem-vindo, pois é o terrorista nº 1, inimigo da Humanidade", frisou.

Para a vice-presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES), Michele Bressan, "a energia e força da passeata demonstraram a condenação do povo brasileiro à política de Bush, o não ao criminoso e imoral bloqueio a Cuba e ao financiamento norte-americano do Estado fascista de Israel contra o povo palestino". Michele lembrou que nesta sexta-feira (9), é o momento de "intensificar a caçada a esse terrorista, com uma concentração no Monumento às Bandeiras, em frente ao Parque do Ibirapuera, de onde sairemos à sua procura".

Em nome da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), Lurdes Vicente sublinhou "a importância da unidade dos movimentos sociais em torno da bandeira antiimperialista, que estreita nossos laços e a mobilização contra a guerra de Bush e o domínio das transnacionais, do capital financeiro e do agronegócio sobre a economia dos nossos países".

Participaram da caminhada inúmeros dirigentes da CUT nacional, como os companheiros João Felício, Antonio Carlos Spis, Rosane Silva, Carlos Rogério, Júlio Turra e Temístocles Marcelos Neto, e da CUT estadual, como Daniel Reis e Edilson de Paula.

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