Escrito por: Trabalhadores param a produção e resistem às ameaças
O interventor da Cipla – Interfibra, Rainoldo Uessler e os comparsas Camilo Piazzeira Neto (procurador das fábricas), junto com um representante da Dhromus (empresa de auditoria) e mais um capanga tentaram assumir o controle da Flaskô, no lugar dos próprios trabalhadores.
No dia 20/06, essa comitiva de interventores visitou a empresa e anunciou a demissão do coordenador-geral do Conselho de Fábrica, Pedro Alem Santinho e outros dois representantes dos trabalhadores, Joaquim Amaro e Fernando Gomes Martins, munida com a decisão judicial de intervenção nas fábricas ocupadas.
Em assembléia no dia anterior, os trabalhadores haviam decidido que não aceitariam nenhuma demissão e, portanto, em resposta, pararam as máquinas durante toda a quarta-feira. No começo da noite, pressionado, o interventor saiu da fábrica e ameaçou trazer a Polícia Federal para assumir a posse da Flaskô, da mesma maneira que fez na Cipla e na Interfibra.
Por isso, um piquete foi convocado para o dia 21/06, que contou com a presença de diversos apoiadores do movimento. Mais uma vez, a mesma comitiva de interventores apareceu para entrar na unidade, mas sem a presença da polícia, foi recebida com palavras-de-ordem e com a determinação dos trabalhadores em manter a fábrica sob controle operário.
Assim, os interventores tiveram que se retirar e, após uma assembléia geral, os trabalhadores da Flaskô retomaram a produção. O movimento das fábricas ocupadas pelos trabalhadores exige do presidente Lula e do ministro da Previdência, Luís Marinho, a retirada da intervenção na Cipla-Interfibra, pois o recente ataque policial - judicial se baseia numa ação movida pelo INSS, órgão público federal. Pedem também a re-integração dos demitidos e o direito ao pleno funcionamento do Conselho de Fábrica eleito pelos trabalhadores.
Além disso, a assembléia da Flaskô pede o apoio nacional e internacional da classe trabalhadora para “blindar” a empresa contra a intervenção, que pretende fechar as fábricas recuperadas e derrotar esse exemplo de luta por uma sociedade sem explorados e exploradores.
Abaixo, segue carta do Conselho de Fábrica da Flaskô:
Aos trabalhadores de todo o mundo,
Os trabalhadores da Flaskô declaram aos trabalhadores de todo o mundo e suas organizações:
Não aceitaremos nenhuma intervenção judicial com o objetivo de fechar a Flaskô ou transformá-la em uma cooperativa, demitindo os trabalhadores e acabando com os direitos, como esta sendo feito na Profiplast em Joinville e com ajuda do aparato militar querem fazer na Cipla e na Intefibra. Ocupamos a fábrica há mais de 4 anos e temos com nosso suor e o apoio do movimento operário, democrático e popular de todo o mundo conseguido manter a fábrica aberta. Sempre afirmamos e para isso fizemos 4 Caravanas a Brasília para reivindicar que o Presidente Lula cumpra sua promessa e salvar os empregos nas fábricas ocupadas. E mais do que isso o BRDE/BADESC e BNDES após estudo propõem que o governo assumisse as fábricas. Mas o governo Lula se cala diante de tudo, mais do que isso o Ministro Luis Marinho, ex-presidente da CUT mantém a decisão do INSS de intervir na Cipla. Sabemos que as fábricas ocupadas são a prova viva que os trabalhadores não precisam de parasitas destruindo e pilhando a sociedade, como é prova a lista pública dos milhos de devedores do INSS entre eles o Banco Itaú, o Unibanco e a Vale do Rio Doce. Por isso as declarações do Presidente da FIESP e da ABIPLAST (patronal dos plásticos) contra as fábricas ocupadas e o acordo de cooperação econômica com o governo da Venezuela. Por tudo isso, afirmamos: Manteremos a Flaskô sob o controle democrático dos trabalhadores. Com nosso conselho de fábrica eleitos pelos trabalhadores para dirigir a fábrica e a luta pelos empregos e pelos direitos. Não aceitaremos a intervenção! Não aceitaremos nenhuma demissão! Nenhum ataque a qualquer dos trabalhadores! Um ataque a um é um ataque a todos. Retomaremos a produção sob o controle dos trabalhadores e manteremosPor fim, diante da ameaça iminente de qualquer ataque convidamos todos os trabalhadores, suas organizações para virem a Flaskô. Manteremos uma vigília permanente.
Conselho de Fábrica da Flaskô
(19) 9233-1391