Escrito por: Altamiro Borges
Centro de Estudos da Mídia Alternativa será lançado nesta sexta, em São Paulo
Jornalista dará nome aoCentro de Estudos da Mídia Alternativa "Barão de Itararé", quereunirá em seu conselho jornalistas progressistas e lutadores sociais
No dia 14 de maio, às 19horas, no auditório do Sindicato dos Engenheiros de São Paulo (Rua Genebra, 25,próximo à Câmara Municipal de São Paulo), ocorrerá o lançamento do Centro deEstudos da Mídia Alternativa "Barão de Itararé". A nova entidade, quereúne em seu conselho jornalistas progressistas e lutadores sociais, tem comoobjetivos principais contribuir na luta pela democratização da comunicação, fortalecera mídia alternativa e comunitária, promover estudos sobre a estratégica frentemidiática e investir na formação dos novos comunicadores.
Umajusta homenagem
O nome "Barão deItararé" é uma justa homenagem ao jornalista Aparício Torelli (1895-1971), considerado um dos criadores da imprensa alternativa no país e o "paido humorismo brasileiro", segundo a biografia elaborada pelo filósofoLeandro Konder. Criador dos jornais "A Manha" e"Almanhaque", ele ironizou as elites, criticou a exploração eenfrentou os governos autoritários. Preso várias vezes, nunca perdeu o seuhumor. Itararé é o nome da batalha que não houve entre a oligarquia cafeeira eas forças vitoriosas da Revolução de 1930.
Frasista genial, elecunhou várias pérolas. Cansado de apanhar da polícia secreta do Estado Novo,colocou na porta do seu escritório uma placa com a hoje famosa frase"entre sem bater". Político sagaz, ele percebeu a guinadanacionalista de Getúlio Vargas e respondeu aos críticos udenistas: "Não étriste mudar de idéias; triste é não ter idéias para mudar". Militante doPartido Comunista do Brasil (PCB), Aparício foi eleito vereador pelo Rio deJaneiro em 1946 com o lema "mais leite, mais água e menos água noleite" - denunciando fraudes da indústria leiteira.
Críticoácido dos jornais golpistas
Seu mandato foi combativoe irreverente. Segundo o então senador Luiz Carlos Prestes, "o Barão nãosó fez a Câmara rir, como as lavadeiras e os trabalhadores. As favelassuspendiam as novelas para ouvir as sessões que eram transmitidas pelarádio". Teve o seu mandato cassado juntamente com a cassação do registrodo PCB, em 1947, e declarou solenemente: "Saio da vida pública para entrarna privada". Seu jornal, A Manha, foi novamente empastelado e, comdificuldades financeiras, ele escreveu: "Devo tanto que, se eu chamaralguém de ‘meu bem’, o banco toma". Passou a colaborar com o jornalgetulista A Última Hora e lançou ainda mais dois Almanhaque.
Diante da grave crisepolítica que resultou no suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, afirmou: "Háqualquer coisa no ar, além dos aviões de carreira". Barão de Itararé denunciou as manipulações da imprensa, foi um crítico ácido dos jornais golpistasde Assis Chateaubriand e Carlos Lacerda e um entusiasta do jornalismoalternativo. Após o golpe militar de 1964, ele passou por inúmeras privações.Faleceu em 27 de novembro de 1971. Em sua lápide poderia estar inscrita uma desuas frases prediletas. "Nunca desista de seu sonho. Se acabou numapadaria, procure em outra".
Entidadeampla e plural
A criação da novaentidade, que atuará em parceria com várias outras que já priorizam a luta pelademocratização da comunicação, empolgou jornalistas e lutadores sociais. Entreoutros, integram seu conselho os jornalistas Luis Nassif, Leandro Fortes, LuizCarlos Azenha, Maria Inês Nassif, Rodrigo Vianna, Beto Almeida, GilbertoMaringoni; os professores Ve nício A. de Lima, Marcos Dantas, Dênis de Moraes,Laurindo Lalo Leal Filho, Gilson Caroni, Igor Fuser, Sérgio Amadeu.
Visando a fortalecer amídia alternativa já existente, também participam os responsáveis de váriosveículos progressistas - Breno Altman (Opera Mundi), Carlos Lopes (Hora doPovo), Ermanno Allegri (Adital), Wagner Nabuco (Caros Amigos), Joaquim Palhares(Carta Maior), Eduardo Guimarães (Cidadania), Renato Rovai (Fórum), NiltonViana (Brasil de Fato), Paulo Salvador (Revista do Brasil), Oswaldo Colibri(Rádio Brasil Atual), José Reinaldo Carvalho (Vermelho).
O conselho reúne aindalideranças dos movimentos sociais, dirigentes de entidades vinculadas àcomunicação pública e comunitária - Edivaldo Farias (Abccom), Regina Lima(Abepec), José Sóter (Abraço), Orlando Guilhon (Arpub) - e integrantes deinstituições engajadas na luta pela democratização da mídia - João Brant(Intervozes), João Franzin (Agência Sindical), Sér gio Gomes (Oboré), VitoGiannotti (NPC), Rita Freire (Ciranda).
Seminário"A mídia e as eleições de 2010"
O lançamento do Centro deEstudos da Mídia Alternativa "Barão de Itararé" se dará durante arealização do seminário nacional "A mídia e as eleições de 2010". Asinscrições para o evento se encerram em 12 de maio e custam R$ 20,00. As vagassão limitadas. Os interessados devem entrar em contato com Danielli Penha pelotelefone (11) 3054-1829 ou pelo endereço eletrônico britarare@gmail.com.
Abaixoa programação:
Dia 14 de maio,sexta-feira, às 18h30
A cobertura jornalísticada sucessão presidencial
- Maria Inês Nassif -Jornal Valor Econômico;
- Leandro Fortes - RevistaCartaCapital;
- Paulo Henrique Amorim -Sítio Conserva Afiada;
- Altamiro Borges - PortalVermelho;
Dia14 de maio, sexta-feira, às 21 horas.
Coquetel de lançamento doCentro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.
Local: Auditório doSindicato dos Engenheiros de São Paulo (Rua Genebra, 25)
Dia15 de maio, sábado, 9 horas:
Plataforma democráticapara a comunicação.
- Marcos Dantas -professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro;
- Luiza Erundina -deputada federal do PSB-SP;
- Manuela D’Ávila -deputada federal do PCdoB-RS;
- Igor Felippe -assessoria de imprensa do MST;
Dia15 de maio, 14 horas:
Políticas públicas parademocratização da comunicação.
- Ottoni Fernandes - secretárioexecutivo da Secom;
- Regina Lima (Abepec) -presidente da Abepec;
- Jandira Feghali -ex-secretária de Cultura do Rio de Janeiro;
- José Soter (Abraço) -coordenador nacional da Abraço.
Dia15 de maio, 17 horas:
Lançamento do livro"Vozes em cena - Análise das estratégias discursivas da mídia sobre osescândalos políticos", de Regina Lima.
-Local: Salão nobre daCâmara Municipal de São Paulo (Viaduto Maria Paula).