Escrito por: William Pedreira
Contac/CUT e Sindicatos da Alimentação articulam ações contra os desmandos e a má gestão em uma das maiores empresas de produtos lácteos
Em fevereiro do ano passado, o Grupo LBR (Lácteos Brasil S/A), uma das maiores empresas privadas de produtos lácteos e com unidades espalhadas por algumas localidades do País, ajuizou um pedido de recuperação judicial.
Enquanto desenrola toda especulação em torno do futuro da empresa, os trabalhadores e suas famílias vêm sofrendo com os desmandos da atual gestão e a incerteza do processo.
Representantes da Contac/CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Alimentação) e de Sindicatos CUTistas que representam os trabalhadores da LBR estiveram reunidos nesta quarta-feira (23) e relataram um cenário caótico.
Unidades foram fechadas e as que permanecem ativas diminuíram consideravelmente o número de postos de trabalho. Parte dos agricultores não está recebendo pela venda do leite, o que tem gerado um clima de instabilidade, sem contar o prejuízo imposto à economia dos municípios em que a empresa possui sede.
A Companhia surgiu do processo de falência da Parmalat. Criada em 2010, é fruto da fusão entre as fabricantes de leite e derivados Bom Gosto e LeitBom.
Siderlei (de vermelho) critica atuação de especuladores no processo de recuperação judicial da LBR
Ao assumir o controle da LBR, a atual gestão iniciou um processo de reestruturação que significou o fechamento de unidades e demissão de trabalhadores. Dos mais de seis mil trabalhadores que a empresa possuía inicialmente, menos da metade integram o quadro atual.
“É inadmissível que dinheiro público esteja financiando especuladores que compram e vendem empresas e sempre saem ganhando”, condenou Siderlei de Oliveira, presidente da Contac/CUT. “É mais um caso em que não houve contrapartida social e agora o que vemos é atraso nos salários, não pagamento de FGTS, redução drástica dos postos de trabalho”, disse o dirigente, ressaltando que apesar do processo de recuperação judicial e da dívida com o patrimônio público, o Grupo está com planos de montar uma empresa de laticínios no Uruguai.
Para ele, o processo de recuperação judicial da LBR é mais uma jogada que envolve laranjas e a ciranda especulativa. Entre os possíveis compradores existe uma empresa cujo capital é R$ 20 mil. Soa no mínimo estranho, já que a LBR, mesmo com todos os desmandos, possui patrimônio de aproximadamente R$ 740 milhões.
Agenda de luta - durante a reunião, os dirigentes discutiram ações para garantir os direitos dos trabalhadores e da comunidade local.
Neste momento em que as unidades da empresa estão sendo vendidas, os trabalhadores reivindicam uma reunião com o juiz responsável pelo processo para que se articule uma audiência imediata com os compradores e com as entidades representativas dos trabalhadores e, assim, seja firmado um compromisso com base nas reivindicações expostas pela categoria.
A agenda de luta engloba a manutenção dos postos de trabalho; que na análise da proposta de compra da unidade seja inserido o compromisso da compradora na geração de emprego, desenvolvimento regional e cumprimento do que é determinado pela legislação social, pelos acordos e convenções coletivas estabelecidos com os respectivos sindicatos dos trabalhadores das indústrias de alimentação, garantindo todos os direitos trabalhistas e não esquecendo da estabilidade dos trabalhadores que já a possuem; que a compradora assuma o compromisso de não fechar a empresa ou utilizá-la somente para especular; que a compra seja imediata, visto que algumas unidades estão praticamente sem condições de continuidade e com investimento para que as unidades possam manter e aumentar a produção garantindo as ocupações já existentes e gerando novos postos de trabalho.
Todos estes questionamentos constam em um documento assinado pelas entidades e que será divulgado posteriormente a imprensa. Foi deliberado também a convocação de um ato, ainda sem data e local definido.