O governo Yeda voltou a usar a força do seu aparato policial para reprimir uma manifestação social. Desta vez as vítimas foram os trabalhadores estaduais da educação. Por volta das 10 horas da última sexta-feira (14), a Polícia Militar, sob a orientação do subcomandante Cel. Mendes, abusou da violência física e prendeu oito pessoas, entre elas os diretores do CPERS/Sindicato, Antonio Branco e Neiva Lazzarotto.
A detenção ocorreu enquanto os educadores ocupavam de forma pacífica o saguão do Centro Administrativo do Estado. Cobravam uma audiência com a governadora Yeda Crusius para exigir a imediata suspensão do processo de desmonte da educação no estado e abrir uma efetiva discussão da pauta de reivindicações da categoria. A manifestação, na capital, reuniu cerca de 500 pessoas.
A truculenta ação da polícia militar gaúcha na manhã da última sexta-feira lembra à usada na fazenda Tarumã, em Rosário do Sul, durante recente protesto da Via Campesina. Na ocasião, mais de 60 mulheres foram feridas com estilhaços de bomba, balas de borracha e pisoteadas por cavalos. Um dos agressores foi o próprio responsável pela operação, Comandante Biensfield, que atingiu uma agricultura com socos e pontapés.
Os manifestantes presos nesta sexta-feira foram encaminhados ao Palácio da Polícia e foram liberados durante audiência
da direção central do sindicato com o chefe da Casa Civil, César Busatto. Segundo relatos, os educadores detidos, entre eles, um estudante, foram provocados e instigados a reagir durante o trajeto entre o local da detenção e o Palácio da Polícia.
Foi uma ação truculenta e desproporcional com um movimento que reivindicava a abertura de negociação com o governo.
Após 2h10min de audiência, o chefe da Casa Civil se comprometeu a encaminhar ao sindicato, até a próxima quarta-feira (19), uma proposta de calendário de negociação da pauta de reivindicações do CPERS/Sindicato. O secretário também irá participar da audiência pública a ser realizada no dia 25 de março para discutir os problemas da rede estadual de ensino. A proposta é da Comissão de Educação da Assembléia.
Também ficou claro durante a audiência que a secretária da Educação não é mais a interlocutora do governo para discutir a pauta de reivindicações da categoria e problemas como municipalização, multisseriação, enturmação, demissão de professores e terceirização na educação. Todas as reuniões já realizadas com a secretária foram infrutíferas. Numa delas, a secretária propôs que o sindicato apresentasse propostas para solucionar a crise financeira do estado, como se o CPERS/Sindicato fosse governo.
Várias regiões do estado registraram paralisações durante o dia. Na área de abrangência do 19º Núcleo, com sede em Alegrete, a paralisação foi de 70%.