Escrito por: Instituto Observatório Social
Atividade faz parte do projeto CUT/IOS/DGB Bildungswerk junto à CNM e CNQ
Trabalhadores e representantes sindicais da WEG criaram sua Rede Sindical Nacional depois de quatro anos de diálogo e negociações num encontro dos sindicatos dos trabalhadores da empresa, que aconteceu no dia 5 de agosto, em Blumenau, Santa Catarina. A atividade faz parte do projeto CUT/IOS/DGB Bildungswerk junto aConfederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT) e Confederação Nacional dos Químicos (CNQ/CUT) e tem como objetivo o fortalecimento das redes de trabalhadores em empresas multinacionais alemãs e brasileiras, visando o Diálogo Social, um processo de negociação permanente entre as redes sindicais e a direção das empresas.
A multinacional brasileira Weg é fabricante de motores elétricos e tintas. Tem 17 plantas no Brasil e outras nove espalhadas pelo mundo, entre China, Europa, Estados Unidos e América do Sul. No total emprega 26 mil trabalhadores, dos quais 20 mil no Brasil. Em 2012, faturou 6,1 bilhões de dólares e tem uma meta de chegar a 50 mil trabalhadores em 2020.
O Instituto Observatório Social (IOS) acompanhou todo o trabalho de formação desta rede que reuniu representantes dos sindicatos Metalúrgico e Químico do ABC (SP) e de Jaraguá do Sul (SC), Metalúrgico de Blumenau(SC) e do Espirito Santo e Químicos de Pernambuco. A dinâmica para a formação da rede WEG foi coordenada por representantes da CUT Nacional, CNM, CNQ, DGB Bildungswerk e IOS. “Temos acompanhado o surgimento das redes desde as primeiras experiências como da BASF, BAYER, AKZO NOBEL entre outras por meio de pesquisas e mapeamentos das empresas”, colocou Roni Barbosa, diretor executivo da CUT e presidente do IOS. “Temos certeza que esta da WEG é mais uma conquista para os trabalhadores na construção de interesses comuns”.
No encontro se discutiu a importância da rede como instrumento para ampliar a representatividade sindical e organização no local de trabalho. Numa dinâmica participativa, os integrantes discutiram as desigualdades dentro da WEG nas diversas plantas que a empresa tem no país no que diz respeito a liberdade sindical/ negociação, remuneração, saúde e segurança, PLR entre outros temas. A troca de informações entre sindicatos e representantes das unidades trouxe ainda mais certeza da necessidade da criação da rede.
“O encontro foi positivo, até porque num mundo globalizado o movimento sindical deve atuar desde o local do trabalho até o âmbito nacional e internacional’’, afirmou Fábio Lins, secretário de Relações Internacionais da CNQ/CUT. De acordo com ele, no caso da WEG, uma multinacional brasileira, cabe aos sindicatos se fortalecerem através da rede sindical para conquistar a igualdade de direitos e de remuneração no Brasil, assim como fortalecer a solidariedade para promover trabalho decente em parceria com os demais sindicatos e trabalhadores da WEG presentes em outros países.
João Cayres, secretário-geral e de Relações Internacionais da CNM/CUT, também ressaltou a importância do papel das redes nas negociações coletivas, na comparação de condições de trabalho nas diferentes plantas de uma mesma empresa e na união das entidades sindicais para ações conjuntas independentemente de suas diferenças políticas. “O principal objetivo das redes é permitir que trabalhadores de várias plantas possam conhecer a realidade de outros trabalhadores, as reivindicações, assim como unificar suas lutas. A rede não substitui o sindicato, é instrumento da luta. Dá suporte a ele”, enfatizou.
Rede WEG terá segundo encontro em Novembro
A rede Sindical da WEG já tem agendado seu segundo encontro para novembro, no Espírito Santo. Durante o primeiro encontro as demandas foram identificadas e uma comissão com representantes de cada sindicato está sendo formada para montar o plano de ação e iniciar as atividades de mobilização da rede.
De acordo com Ricardo Jacques, da equipe da Secretaria de Relações Internacionais da CUT, além da formação da comissão, o próximo passo é organizar um ação sindical conjunta em todas plantas envolvidas para consolidar a estratégia de atuação da rede e sensibilizar os trabalhadores da sua importância para os garantir os direitos e reinvindicações coletivas. “Até porque falamos de mobilizar uma grande multinacional de capital majoritário brasileiro, com 26 plantas no mundo, sendo 17 desta no Brasil”, disse. “Isso faz com que a empresa tenha todas as condições de respeitar os direitos fundamentais do trabalho previstos nas convenções da OIT”.
Roberto Pereira de Souza, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Espirito Santo, que inclusive sugeriu o local para este segundo encontro pois estado, na cidade de Linhares, está localizada a planta da WEG motores (linha branca), também se mostrou satisfeito com o resultado da formação da rede WEG. Ele colocou a importância que esta ação traz para as conquistas dos trabalhadores, pois faz com que se cobre da empresa a pratica do que a mesma coloca no papel em relação a igualdade, a organização sindical e aos acordos. “Acho importante cada trabalhador saber como está sendo tratado seu outro colega no outro estado. Isso faz com que ele se posicione”, enfatizou. “Este encontro também fez com que percebêssemos as contradições da empresa, pois o que ela divulga nos seus meios institucionais, não é o que está fazendo. E o trabalhador começa a ver isso e, a partir daí, percebe que há uma necessidade de exigir que as unidades sejam tratadas de forma igual”.
Segundo Flávia Silva, Coordenadora de Projetos da DGB Bildungswerk, foi gratificante acompanhar todo o processo de formação de uma rede dentro do projeto apoiado pela entidade. “A construção do dialogo social é um desafio em qualquer país e as desigualdades que existem no Brasil certamente serão minimizadas se todos os sindicatos trabalharem junto”, declarou. “Criar uma rede é fácil, o difícil e mantê-la. Este e o desafio da rede WEG que independente do posicionamento da empresa tem muito que construir no lado sindical”.