Escrito por: Leonardo Severo
Empresa demite até gestantes e trabalhadoras que retornavam da licença-maternidade no Ceará
Famel se atola na lama
Entre os abusos denunciados à Justiça estão o nãopagamento das verbas rescisórias, a demissão de gestantes e trabalhadoras queretornavam de sua licença maternidade, a dispensa sumária de trabalhadores queestavam em licença médica. De acordo com a presidente do Sindicato dosTrabalhadores da Confecção no Ceará e secretária de Juventude da CNTV (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria Têxtil Vestuário, Couro e Calçado da CUT), PriscilaSampaio, os demitidos foram selecionados entre os ‘líderes de produção’, os quechegavam cedo e saíam tarde, trabalhadores com seis, oito e até dez anos deempresa.
DIFAMAÇÃO - O dono da empresa, Miguel Brilhante, que é médico eperito do trabalho do INSS, tem visitado as rádios locais para difamar ostrabalhadores e sua organização, ameaçando transferir as máquinas para outrascidades onde os trabalhadores não tenham Sindicato para fazer valer os seusdireitos.
Na maior cara de pau, o empresário alega estarampliando, e não reduzindo, o quadro de trabalhadores e declara publicamente,que “com cesta básica de R$ 100,00 e aumento acima da inflação” - duas grandesvitórias da categoria organizada pelo sindicato - terá mesmo que sair de Pacajus. Sem meias palavras, osinhozinho estampa sua postura antissindical, a prática de explorador e a fé naimpunidade.
FASCISMO - Tal “espírito democrático” é o mesmo que o inspirou aabrir mais de uma dezena de processos contra o Sindicato, processar quase todosos dirigentes da CUT no Estado e chamar a polícia para dispersar asmanifestações dos trabalhadores. "Estamos mobilizados, paralisando aprodução, com manifestações nas portas da empresa e do consultório doempresário/médico do trabalho. Ele acha que dividir um pouco do lucro com os trabalhadores é prejuízo. Por isso chama a polícia,alegando que estamos armados. A polícia chega, encontra trabalhadores lutandopelo emprego, cesta básica e salário. Nossas armas são o carro de som e acoragem”, sublinhou Priscila Sampaio.
A sindicalista lembra que após ter sido filmada atransferência de máquinas para fora do município, sem que os trabalhadorestivessem sido indenizados, foi iniciada uma vigília para impedir que tirassemmais equipamentos da cidade.
PERSEGUIÇÃO- “As máquinas seguiam num carro,nós atrás filmando e atrás de nós os seguranças da empresa. Quando demos prazopara procurarem o Sindicato para homologar as demissões, eles foram para arádio convocar os trabalhadores, um a um, para negociar, reinventando a famosamáxima de dividir para manipular. As pessoas estão acompanhando pelos jornais e pela TV nossasdenúncias, toda a sociedade está indignada. Não é qualquer trabalhador que podeadquirir os produtos deles, pois os preços ao consumidor são bem altos. Fomos ao Procurador Chefeda República e ao Ministério Público, aos meios de comunicação. Estamos unidose vamos derrotar a intransigência. Mas precisamos do apoio e da solidariedadede todos os companheiros para enfrentar esta batalha", destacou Priscila.
O presidente da Federação Democrática dos Sapateiros doRio Grande do Sul e secretário geral da CUT-RS, João Batista Xavier da Silva,salientou a necessidade de que todos os sindicatos se solidarizem com os companheiros dePacajus. Ele propôs que se organize um boicote aos produtos da Famel e DonaFlorinda, a exemplo do que já foi feito, com sucesso, pelos trabalhadoresgaúchos contra empresas com práticas inaceitáveis.
SUJEIRATAMBÉM NA VULCABRÁS E AZALÉIA -No Rio Grande do Sul, ressaltou Batista, os trabalhadores também estãoenfrentando problemas com demissões na Vulcabrás e na Azaléia, que atingem,inclusive, representantes sindicais. As entidades pressionam pela recontratação e já acionaram a Justiça para rever a ilegalidade.
A presidente da CNTV, Cida Trajano, enfatizou que aentidade irá mobilizar o país para impedir mais este crime contra ostrabalhadores. “Vamos encaminhar e-mails, correspondências e ligações de todo oBrasil, para demonstrar à direção da Famel e Dona Florinda que os companheirosnão estão sós, que todos os trabalhadores repudiam as atitudes desteempresário. Além disso, nossa Confederação acompanhará o Sindicato cada vezmais de perto. Da mesma forma, vamos também buscar a direção daVulcabrás/Azaléia, que fica aqui em SãoPaulo, para que possamos tratar dos problemas ocorridos no Rio Grande do Sul.Esses absurdos precisam ter fim!".
PROTESTE – Fortaleça a luta dos companheiros contra os abusos daFamel e Dona Florinda protestando por telefone e fax (85) 3348.8000 ou ainda peloe-mail glenda@donaflorinda.com.brcom cópia para cntvcut@cntvcut.org.br