Escrito por: Antonio Pimenta/HP
É o terceiro trimestre consecutivo de queda no início de construção de novas casas, segundo dados do Departamento do Comércio e do Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano dos EUA
Confirmando os diagnósticos de que o setor da construção segue em estado de coma nos EUA, em abril o início de obras caiu 10,6% em relação a março e, pior, despencou 23,9% em relação a abril do ano passado. Os números são do Departamento do Comércio dos EUA e do Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano, que registraram que, no mês, foram iniciadas 523.000 – número corrigido sazonalmente e anualizado, isto é, multiplicado por 12 – novas moradias, comparado com 585.000 do mês anterior e com 687.000 de um ano atrás.
Também é o terceiro trimestre consecutivo de queda no início de novas casas. Assim, no primeiro trimestre de 2011, o número de novas casas com construção iniciada foi de 89.000 (não-anualizado e não-sazonalizado), antecedido por 96.000 unidades no último trimestre de 2010 e 119.000 no terceiro trimestre do ano passado.
DESEMPREGO
Com 25 milhões de desempregados nos EUA, milhões de famílias que tiveram sua casa tomada pelos bancos, e centenas de milhares, ou milhões, de residências “submersas” -, isto é, cuja dívida (hipoteca) é maior do que o valor atual da casa -, não surpreende a persistência do setor da construção na UTI.
Para dimensionar a crise, os 89.000 do primeiro trimestre é apenas um pouco maior que o patamar do pior trimestre, após a quebra do Lehman Brothers, de 78.000 unidades, de janeiro-março de 2009.
Em 2010, no segundo trimestre, graças ao programa governamental de incentivo à aquisição de moradia, chegou a haver um pequeno aumento do número de casas novas iniciadas, no caso, 142.000 unidades, contra 114.000 do trimestre anterior.
A comparação com os números anuais desde 2007 – quando a bolha já havia esvaziado o suficiente para o número de novas casas ter caído pela metade em relação ao pico -, registra o acelerado desenvolvimento da crise. Em 2007, ainda são 1.046.000 casas novas iniciadas, que despencam para 622.000 em 2008 e 445.000 em 2009. Em 2010, ligeira melhora, com 471.000 unidades (todos os dados sem correção por sazonalidade).
Outro dado que permite visualizar o desmanche da bolha do setor imobiliário é o número de autorizações para construção de novas casas: 2.070.000 (2004); 2.155.000 (2005); 1.839.000 (2006); 1398.000 (2007); 905.000 (2008); 583.000 (2009) e 604.000 (2010). O número de autorizações em abril de 2011, anualizado, isto é, multiplicado por 12 como se fosse se repetir nos demais meses do ano, foi de 551.000.
Relatório anterior do Bureau de Análise Econômica (BEA, na sigla em inglês), havia reportado que o investimento na construção nos EUA se contraiu em 10,3% em 2010 em relação a 2009. O pior resultado em dez anos. De US$ 907,8 bilhões em 2009, caiu para US$ 814,2 bilhões no ano seguinte. A redução chegou a 14,3% no setor privado e 2,7% no setor público.
Alguns números são dramáticos: menos 33,3% em um ano na construção de unidades fabris; menos 29,3% em prédios para escritórios; menos 25,9% nas instalações comerciais; menos 8,8% em unidades para telecomunicações e menos 6,6% para geração de energia. Ocorreu redução até mesmo na construção de escolas (-14,5%); segurança pública (-16%); e saúde (-11,6%).