Em entrevista exclusiva, Antonio Carlos Spis, tesoureiro da CUT e fundador da Federação Unica dis Petroleiros do Brasil, e Júlio Turra, diretor executivo da central e dirigente do Acordo Internacional dos Trabalhadores, disseram que com o fim do monopólio da Petrobrás ocasionou que agora se comporte como uma “empresa capitalista mais”. Seus lucros não retornam mais como investimento público, mas são canalizados para reinversões próprias e ao desenvolvimento de seus negócios no estrangeiro.
“Antes, a Petrobrás era como Pemex, com voz de comando sobre o petróleo, porém com a ditadura militar de 1973 iniciou a flexibilização, com os contratos de risco; logo, em 1995, com o governo de FHC se abriu o monopólio, e hoje, o Estado é minoritário na empresa; agora é Petrobras, SA, e tudo o que ganha fica dentro dela; não reverte para cobrir as necessidades sociais”, comentou Turra.
A segunda jornada de trabalho do Encontro Continental, defendeu o não aos tratados de livre comercio e afirmou a luta pela soberania dos povos e a defesa de Pemex. Spis comentou que “desde o ponto de vista de resguardar da soberania, a flexibilização da petroleira brasileira é um fracasso, porém desde o ponto de vista de ampliar as possibilidades de encontrar novas reservas é um sucesso”. Não obstante, destacou que de pouco serve achar novos campos de petróleo, se muito do hidrocarbuneto sai do país sem deixar beneficios ao povo brasileiro.
Na entrevista, Spis expôs que a Petrobrás “é a maior empresa do Brasil, a mais rentável, e possui tecnología de ponta para realizar prospecção em águas profundas, porém infelizmente está entregando áreas estratégicas de produção de petróleo mediante o que denominamos leilões, que são um crime, porque deles participam as multinacionais. A Petrobrás oferta as áreas onde está o petróleo e as firmas estrangeiras compram esses campos”.
Assinalou que os trabalhadores petroleiros do Brasil, junto com o Movimento dos Sem terra e camponeses, além de outros setores, realizam uma campanha pela defesa da soberania e contra o que “chamamos crime de lesa-pátria”, que começou com Fernando Henrique Cardoso, porém continuou com o mandatário atual desta nação, Luiz Inácio Lula da Silva, pois não foi revertido. “E ainda que o apoiamos muito, porque é um orgulho ter um trabahador na presidência, o questionamos por assuntos como este”.
Turra citou que a reivindicação dos trabalhadores é que a Petrobrás volte a ser do Estado, porque, além disso, agora “tem que disputar com multinacionais, em nosso território, pelo próprio petróleo do país”. Explicou que ao retirar da Petrobrás o comando sobre o hidrocarbuneto, não somente se abriram os campos petroleiros à licitação, como também se vendeu grande parte das ações da outrora empresa estatal, quer dizer, “abriu seu capital a empresas estrangeiras, pelo qual, agora 40% de suas ações estão em mãos do Estado, porém dos títulos que decidem, dos que votam, possui 50% mais um”.