O aquecimento da produção industrial em todo o País é motivo de euforia para muitos sindicatos do Grande ABC - principalmente no setor metalúrgico. As entidades que representam a categoria comemoram a retomada na geração de emprego, já que nos últimos cinco anos o crescimento das vagas de trabalho no ramo cresceu 18%.
Os dados são das bases dos sindicatos da região, que viram seu segmento voltar a casa dos 110 mil trabalhadores de 2002 a 2007. 'Este ano foi muito importante, pois estamos perto do número de empregos que sempre sonhávamos desde 1997', afirma Sergio Nobre, secretário de organização do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Nos últimos cinco anos, a base dessa entidade cresceu 16%, ou seja, mais de 12 mil novas vagas foram abertas entre as cidades de São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.
'Tivemos um período traumático no final dos anos de 1990 porque muitas empresas saíram daqui. No entanto, agora vemos investimentos chegando, pois a mão-de-obra qualificada que temos aqui conta bastante', comenta Nobre.
Em Santo André, foram criadas nesse período 1.801 vagas no ramo metal-mecânico (23,9%), enquanto em Mauá a evolução foi de 3.108 (25,8%).
'Acredito que em Mauá o crescimento tenha sido melhor este ano por causa do Rodoanel, que está trazendo muitas empresas para a cidade', explica Cícero Firmino da Silva, o Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano destaca a abertura de vagas na General Motors como um dos destaques do setor para a cidade. 'De 2004 até agora, foram 1.500 novos empregos na montadora. E continua a expansão, pois há vagas abertas para a ferramentaria', conta Francisco Nunes Rodrigues, vice-presidente da entidade.
Para os dirigentes, o aumento no número de metalúrgicos também fortalece a categoria nas negociações coletivas, já que eleva o número não só da base, mas também a de sindicalizados.
Segundo Nobre, a evolução do emprego no ramo metalúrgico traz amplos benefícios para o Grande ABC. 'O aumento da renda acaba aquecendo outros ramos da região, pois esses trabalhadores são consumidores, movimentando comércio e serviços', analisa.
Sindicatos intensificam combate à terceirização nas metalúrgicas locais
Com o crescimento do número de empregos no ramo metal-mecânico, outra preocupação que ronda os sindicatos da categoria na região é o avanço da terceirização. No entanto, alguns acordos entre empresas e as entidades tem reforçado o combate a precarização das contratações de novos profissionais.
Neste mês, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e a comissão de fábrica da Mercedes-Benz, de São Bernardo, conseguiram fechar um acordo com a montadora que deve reduzir de 100 para 30 o número de prestadores de serviço no setor de desenvolvimento no próximo ano.
A partir deste mês, cada nova contratação de terceirizados ou trabalhadores PJ (pessoas jurídica, ou seja, profissionais contratados como empresas) terão de ser aprovados pela comissão de fábrica.
Momento
Para Sérgio Nobre, secretário de Organização do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a boa fase das indústrias permite abrir espaço para o debate da terceirização.
'E um momento que podemos reivindicar mais, como foi o caso da Mercedes. Mas o sindicato está sempre vigilante não só com o PJ, mas também com emprego sem carteira e outras formas de contratação precária', diz Nunes.
Para o dirigente, as empresas estão conseguindo visualizar melhor a questão preço versus qualidade. 'A frase o barato sai caro vale também para as empresas', analisa.