Escrito por: Leonardo Severo, de Dakar-Senegal
Sindicalistas vão se solidarizar na Palestina contra ocupação israelense. CUT confirma presença
Rogério Pantoja, Ahmad Jaradat, Ramia Madi e Rosane Bertotti
O anúncio foi feito durante o Fórum Social Mundial, realizado em Dakar, capital de Senegal, de 6 a 11 de novembro, por Rosane Bertotti, secretária nacional de Comunicação da CUT, e por Rogério Pantoja, diretor executivo da CUT e representante da CUT na coordenação internacional do Fórum.
De acordo com Ahmad Jaradat, do Comitê Nacional Palestino e do IA Center (Centro de Informação Alternativa), “a iniciativa é particularmente importante para que os sindicalistas vejam a dura realidade dos territórios ocupados com seus próprios olhos, para que possam se pronunciar com ainda mais contundência sobre as atrocidades”. Ahmad disse que ‘conhecer o que significa termos 600 postos de controle militar israelense na Cisjordânia, que não é maior do que Brasília, será uma experiência única”. “O povo palestino se enfrenta contra uma ocupação estrangeira, com a expansão de colônias, com aldeias isoladas por um muro gigantesco. Daí a importância da crescente solidariedade”, frisou.
Secretária do Comitê Nacional Palestino, Ramia Madi disse que as mulheres vêm dando um exemplo “de força e empoderamento”, enfrentando todas as adversidades da ocupação israelense. “Neste momento temos em Israel mais de oito mil presos políticos palestinos, com as mulheres sustentando as casas, cuidando das crianças, dos idosos, da família, numa situação bastante difícil. Além disso, encontram-se presas 186 mulheres, 64 delas crianças”, condenou.
Ramia também lembrou que as mulheres palestinas estão sendo vítimas de assédio sexual pelos militares israelenses, “que as obrigam a tirar a roupa nos postos de controle, o que é uma agressão à nossa cultura e valores”.
Os dirigentes cutistas reiteraram o compromisso de luta da Central com a libertação do povo palestino, que tem o direito de viver em paz no seu próprio Estado, libertos da ocupação de seu território, e comunicaram a convocação da CUT para que se boicotem as políticas israelenses.
Abaixo, a íntegra do documento
Solidariedade ao Povo Palestino e boicote às políticas do Estado de Israel!
CUT reivindica “medidas concretas que garantam a paz na região”
“... Nós, trabalhadores e trabalhadoras brasileiros, não podemos ficar indiferentes a esse frontal desrespeito aos direitos humanos do povo palestino. Exigimos pronunciamento de nossos governantes e pressão internacional para que se garanta a autodeterminação do povo palestino e medidas concretas que garantam a paz na região...”
Moção de solidariedade ao povo palestino aprovada no 6º congresso nacional da CUT manifesta solidariedade ao povo Palestino.
A Central Única dos Trabalhadores do Brasil – CUT reitera sua condenação às políticas de ocupação israelense do território palestino, que ignoram as resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU), ferindo as normas internacionais de direitos humanos, como já expressava em seu 6º Congresso Nacional.
O texto de nossa resolução continua atual, infelizmente neste momento mais de 5,9 mil palestinos se encontram como presos políticos, nas prisões israelenses, enquanto em Jerusalém mais de 950 casas palestinas foram demolidas nos últimos 10 anos, e a construção de novas unidades habitacionais para colonos judeus se amplia diariamente sob território palestino, tudo sob a pressão dos “checkpoints” que alimentam o clima de medo constante na população palestina.
Com o avanço da ofensiva israelense, simbolizada na construção do Muro do “apartheid” e os constantes bombardeios a Gaza, exige de todos nós avanços na forma de prestar nossa solidariedade ao Povo Palestino, realizando políticas que vão além da ajuda humanitária e possam contribuir de forma relevante na construção da paz na Palestina; Desta forma conclamamos as organizações sindicais, sociais e populares a construir a campanha pelo Boicote, Desinvestimento e Sanções às políticas de ocupação do território palestino por Israel.
Lamentamos que o Brasil seja o terceiro maior consumidor de armas de Israel, que através do Plano de Estratégia Nacional de Defesa, do Ministério da Defesa do Brasil, e dos acordos de armas contribui indiretamente, com as ações de ocupação do território palestino, portanto é necessário que o governo brasileiro suspenda os atuais acordos e negociações bilaterais econômicas/militares entre o Brasil e Israel. Sendo inadmissível que o Tratado de Livre Comércio entre MERCOSUL e Israel se torne uma realidade.
Chamamos os movimentos sociais e organizações populares a construir a Conferência Nacional pela paz e solidariedade ao povo palestino, a ser realizada em nosso país, no segundo semestre de 2011.
Exigimos o respeito do direito ao retorno aos seus lares e terras fundamental para a vida do povo palestino, pela autodeterminação em construir seu Estado.
Condenamos a escalada das políticas beligerantes de Israel, incluindo o cerco desumano e ilegal a Gaza, a construção contínua de colonatos, o muro do “apartheid” e a repressão aos defensores dos direitos humanos na palestina e internacionais, incluindo o ataque brutal contra a Frota da Liberdade em 31 de Maio de 2010, com um cidadão brasileiro a bordo.
Palestina livre!
São Paulo, 28 de janeiro de 2011.
Artur Henrique da Silva Santos – Presidente Nacional da CUT
Quintino Severo – Secretário Geral da CUT
João Antonio Felício - Secretário de Relações Internacionais da CUT