Escrito por: Luiz Carvalho e Vanessa Ramos

CUT ampliará mobilizações para dar fim ao golpe

Após show de horrores na Câmara, frentes populares prometem intensificar luta

Dino Santos
Mais de 200 mil foram ao Vale Anhangabaú


Não faltou mobilização. Em todo o país, a militância não fugiu à luta, saiu em defesa da democracia, mas viu uma Câmara dos Deputados alheia aos apelos populares tocar em frente o projeto de chegar ao poder driblando o voto popular.

A reposta ao golpe, alertaram movimentos sindical e sociais, será imediata, alertou o presidente da CUT-SP, Douglas Izzo.

“A votação significa um duro golpe na democracia, mas vamos às ruas. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), está atolado até o último fio de cabelo com corrupção, ao contrário de Dilma, sobre a qual não pesa nenhum crime de responsabilidade e nenhuma denúncia de corrupção”, disse no encerramento do ato neste domingo (17), no Vale do Anhangabaú.

Representante da coordenação do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Josué Rocha, ressalta que a luta será ainda mais intensa para levar à cadeia o deputado federal Eduardo Cunha, acusado de ter contas não declaradas no exterior, e o conspirador principal da República, o vice-presidente Michel Temer.

Uma batalhada da qual os trabalhadores não podem abrir mão. “Querem dizer que o país está dividido agora, mas isso acontece há muito tempo, entre os de cima, que querem o impeachment e o ajuste fiscal, e os de baixo, que querem a defesa da democracia”, ressaltou.

Para o coordenador estadual da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim,  hoje foi apenas uma etapa contra o golpe e pelos direitos sociais. “Continuaremos nas ruas e não assumiremos jamais qualquer que seja o processo que venha pelo golpe. Nossa luta continua e a pressão também será sobre o Senado.”

Cada vez maior

Presidente nacional do PT, Rui Falcão, agradeceu o empenho da militância e afirmou que a ampla unidade da esquerda sai ainda mais fortalecida.

“Os donos da mídia monopolizada, os traidores dos partidos que se dizem de centro, o conspirador Temer e o corrupto Cunha ganharam a batalha, mas não a guerra conta o povo. Agora é luta e mais luta para pressionar o Senado.”

No pronunciamento final, o presidente do PCdoB de São Paulo, Jamil Murad, lembrou quem financia o golpe, o que só aumenta a importância da manifestação de hoje.

“Essa armação tem por trás Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Rede Globo que para isso usam a máscara do combate à corrupção. Mas vamos vencer com nossa unidade que hoje já fez com que fossemos maiores no país todo.”

Representante do PSOL, Douglas Belchior alertou que o cenário alerta para a necessidade de não acreditar mais em conciliação contra a elite. “Não é possível confiar nos inimigos nem um minuto. É dentro dos movimentos que devemos construir alianças”.

Da mesma forma, em nome do PCO, Antônio Carlos apontou que as traições partidárias deixaram claro que não é possível acreditar em alianças no Congresso, mas em pressão sobre os parlamentares sem trégua. “Vimos hoje que não dá mais para acreditar na lei do voto do PMDB. O caminho é a luta nas ruas e organizar a greve geral. Vai ser na marra, não com a generosidade do Congresso.”