Escrito por: Luiza Fernandes e André Accarini

CUT representa sindicalismo global na plenária de abertura da COP30 em Belém

Secretária do Meio Ambiente, Rosalina Amorim, apresentou as demandas do movimento sindical internacional, que cobra uma Transição Justa com direitos trabalhistas no centro das políticas climáticas

Luiza Fernandes

A 30º edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – a chamada Conferência das Partes, ou COP30 foi oficialmente aberta nesta segunda-feira (10), em Belém do Pará. Pela primeira vez, a maior conferência climática do planeta ocorre em bioma com a maior biodiversidade do mundo, a Amazônia, responsável por regular o clima global.

A COP30 já conta com a presença de representantes de 195 países e cerca de 50 mil pessoas credenciadas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou na cerimônia inaugural, reforçando que a mudança do clima “já não é uma ameaça do futuro, mas uma tragédia do presente”, e defendeu uma ação coordenada entre as nações. Confira a íntegra do discurso

Já nesta terça-feira (11), ocorreu a plenária de abertura da COP30. É um momento protocolar da conferência em que as delegações adotam a agenda oficial de trabalho e os países apresentam suas prioridades. Também é a ocasião em que os nove grupos de observadores reconhecidos pela ONU têm direito a dois minutos de fala. Entre eles está o movimento sindical global, representado pela CUT.

Falando em nome do sindicalismo mundial, Rosalina Amorim, secretária de Meio Ambiente da Central, foi a porta-voz das trabalhadoras e dos trabalhadores na plenária. Em seu discurso, ela deu as boas-vindas às delegações e apresentou as principais demandas do movimento sindical internacional para a COP30. Rosalina citou o impacto das mudanças climáticas na vida da classe trabalhadora, em especial, no norte do país

“Aqui na Amazônia, estamos sendo duramente atingidos pelo impacto das mudanças climáticas. O calor crescente está matando pessoas. O desmatamento e a poluição estão destruindo nosso modo de vida, colocando em risco nossa sobrevivência. O movimento sindical global vem a Belém com esperança nos olhos e no coração”, disse.

A dirigente destacou que, por ser realizada na Amazônia, a COP30 carega uma responsabilidade histórica – a de colocar as pessoas no centro das negociações e garantir que a transição para uma economia de baixo carbono ocorra de forma justa, com respeito aos direitos humanos e trabalhistas.

“Esta COP, realizada no coração da Amazônia, precisa levar as pessoas a sério. Estamos pedindo que esta seja a COP da Transição Justa”, afirmou Rosalina na plenária de abertura.

[Queremos] uma Transição Justa que coloque os direitos humanos e trabalhistas no centro do debate sobre políticas climáticas. Proteger e promover direitos trabalhistas, como o diálogo social e a negociação coletiva, a proteção social, a saúde e segurança no trabalho, é o que vai conquistar a confiança das trabalhadoras e dos trabalhadores e fortalecer a implementação das políticas climáticas- Rosalina Amorim

A secretária de Meio Ambiente da CUT também defendeu que os países aprovem uma decisão concreta para a criação do Mecanismo de Ação de Belém para a Transição Justa (Belém Action Mechanism – BAM). A proposta busca estabelecer um compromisso internacional para incorporar o conceito de Transição Justa em todas as políticas climáticas e acordos multilaterais, garantindo que a transformação ecológica venha acompanhada de emprego decente, proteção social e participação dos trabalhadores nos processos de decisão.

“As trabalhadoras e os trabalhadores do mundo demandam uma decisão urgente de vocês pela criação do Mecanismo de Ação de Belém para a Transição Justa”, afirmou.

Rosalina finalizou sua fala afirmando que a ação climática também significa pôr fim à violência, às guerras, aos conflitos e à repressão em todos os lugares. “Parem com a violência e a fome contra civis – não há justiça climática sem direitos humanos!”, disse a dirigente

Papel do sindicalismo global

A fala de Rosalina Amorim marcou o momento em que o movimento sindical internacional apresentou oficialmente suas prioridades à COP30. Integrande da Confederação Sindical Internacional (CSI), a CUT, junto com outras centrais sindicais reivindicam que os direitos trabalhistas sejam reconhecidos como pilares fundamentais da ação climática.

A CUT, como maior central sindical brasileira, assumiu o papel de porta-voz global do sindicalismo na conferência. “O sindicalismo global está unido em torno da defesa de uma transição justa e inclusiva, que garanta que nenhum trabalhador seja deixado para trás nas mudanças que o planeta exige”, reforçou Rosalina após a plenária.

A secretária também lembrou que a adoção da agenda de trabalho, por meio da plenária de abertura, embora pareça um ato protocolar, é decisiva para o andamento das negociações.

“Em outras conferências, como a Pré-COP em Bonn, na Alemanha, houve impasse de até dois dias para fechar a pauta, o que atrasou toda a programação. Em Belém, felizmente, houve acordo rápido, o que é um bom sinal de que as partes estão dispostas a avançar nas discussões”, explicou.

COP30 e o desafio da Transição Justa

A realização da COP30 na Amazônia, região que simboliza tanto a urgência climática quanto a resistência dos povos que nela vivem, reforça a necessidade de que as soluções climáticas sejam construídas com base na justiça social.

Para A CUT e o movimento sindical, a Transição Justa é a chave para equilibrar a proteção ambiental com a garantia de direitos, geração de empregos sustentáveis e inclusão social. Junto às demais centrais que compõem o sindicalismo global, a CUT seguirá atuando ao longo da conferência para inserir as reivindicações dos trabalhadores na agenda climática e pressionar os governos por compromissos concretos.

“Esta precisa ser a COP da Transição Justa. Sem direitos trabalhistas e humanos, não haverá justiça climática”, concluiu Rosalina Amorim.