Escrito por: Gibran Mendes/André Accarini
Ato celebrou Dia do Trabalhador e da Trabalhadora destacando pautas comuns aos países. Defesa da democracia e consequências da política de Trump foram citadas como lutas urgentes
Foz do Iguaçu, no Paraná, foi palco de uma celebração do 1° de Maio que reuniu, além da CUT, centrais sindicais do Brasil e dos vizinhos Argentina e Paraguai para o 1º de Maio Internacional das Centrais do Cone Sul. A atividade foi realizada no Campus Jardim Universitário da Universidade Federal de Integração da América Latina (Unila) e organizada pela CUT-Paraná, pela Confederação Sindical das Américas (CSA) e pela Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul (CCSCS).
A escolha do local – a região da tríplice fronteira – foi estratégica para reforçar a importância da unidade das trabalhadoras e dos trabalhadores de toda a região. “temos uma tarefa de construir a unidade da classe trabalhadora no extremo sul do nosso continente porque sabemos que é com unidade, respeito, responsabilidade e mobilização que alcançaremos as conquistas que essa classe trabalhadora precisa e, acima de tudo, merece”, disse, durante o evento, o secretário-adjunto de Relações Internacionais da CUT, Quintino Severo.
“Nós queremos garantir que a classe trabalhadora latino-americana, caribenha, mas em especial a classe trabalhadora aqui do Mercosul, possa andar livremente aqui na nossa região”, pontou o dirigente, que também é Secretário-Geral da CCSCS.
Pautas comuns aos trabalhadores dos países
Além do livre trânsito de trabalhadores entre os países, Quintino afirmou que é preciso defender, sobretudo, a democracia nos três países. “Precisamos banir da nossa região o que já conseguimos banir do Brasil, que foi o Bolsonaro, um antidemocrático”, disse Quintino, citando a reforma trabalhista em curso no Paraguai, “para prejudicar os trabalhadores e para prejudicar os aposentados”.
“Está fazendo reforma para prejudicar essas trabalhadoras e esses trabalhadores. Assim como é importante a democracia para podemos fazer a luta junto com os irmãos da Argentina para derrotar o Milei [presidente do país], derrotar sua política de sacrifício da classe e de benefício dos empresários e da burguesia. Essa é a tarefa da nossa Coordenadora. Essa é a tarefa que nós temos de desafio para enfrentar aqui na nossa região”, pontuou o dirigente.
Quintino finalizou sua mensagem alertando que a política instaurada por Donald Trump, nos Estados Unidos e que tem efeitos globais vai fazer com que os trabalhadores de vários países paguem a conta da inflação, da falta de alimentos, da alta de juros, entre outras consequências.
“Trabalhadores que vão pagar a consequência da política sanguessuga do Trump, que acha que os Estados Unidos é o rei do mundo, é o único país do mundo e, portanto, só ele se beneficia. Temos que ter clareza e temos que ter capacidade de unificar a nossa ação e a nossa unidade para enfrentar esse sanguessuga, esse assassino da classe trabalhadora, que é o Trump, assim como é o presidente do Paraguai e como é o presidente da Argentina”, finalizou.
1º de Maio na tríplice fronteira! Denunciamos os ataques do governo neoliberal paraguaio e os atentados contra a democracia na Argentina. Nossa luta é pela integração regional, que inclua as pessoas, não apenas as economias. #1deMaio #1M2025 #Paraguai #Argentina #Brasil pic.twitter.com/q97lf8Hb4I
— CUT Brasil (@CUT_Brasil) May 1, 2025Avaliação
O presidente da CUT Paraná, Márcio Killer, fez uma avaliação positiva do encontro na tríplice fronteira. Ele destacou a semelhança dos problemas enfrentados pelos trabalhadores nos três países.
"Foi um grande ato e que cumpriu com seu objetivo. Reunimos trabalhadoras e trabalhadoras dos países do Cone Sul, aqui na Tríplice Fronteira, em mais um 1º de Maio Internacional. Novamente pudemos observar que nossos problemas são semelhantes e por isso precisamos discutir, debater e encaminhar soluções conjuntas, que possam ampliar a integração entre nossos países a classe trabalhadora. A presença de dirigentes sindicais de diversos países reforça esta tese. Seguiremos ajustando ações em parceria para que possamos ampliar a unidade da Pátria Grande!", apontou o dirigente.
Assista à mensagem de Márcio Kieller, presidente da CUT-PR, sobre a importância do 1º de Maio e o evento realizado no Cone Sul. Amanhã, dia 2, tem seminário no Cinefilo! #1deMaio #CUT #ConeSul #Solidariedade #Trabalhadores #1M2025 pic.twitter.com/oAWCrso8Wx
— CUT Brasil (@CUT_Brasil) May 1, 2025
1° de Maio – dia de luta
O Secretário-Geral da CUT, Renato Zulato, em sua mensagem, lembrou o centenário do 1° de Maio. “Nossa luta não começou hoje, ela começou há 100 anos e estamos agora comemorando a luta daqueles companheiros. No entanto, não sei se nós podemos comemorar uma luta que gerou milhares, muitas mortes. Nesses 100 anos, muitos companheiros estiveram à frente das lutas, passaram pelas ditaduras, tanto no Brasil, como em vários países da América Latina, foram mortos para garantir direitos para nós”, afirmou
Sobre a celebração em caráter nacional, no Brasil, o dirigente lembrou da Jornada de Lutas do Dia do Trabalhador, organizada pela CUT. “A nossa jornada começou em abril. Uma grande jornada junto com o Dieese em todas as capitais do Brasil, trabalhando a pauta do trabalho, do meio ambiente e da transição justa, visando a nossa atuação na COP30, como nós fizemos no G20 no Rio de Janeiro.
Ele citou ainda a marcha da CUT e centrais sindicais, em Brasília, no dia 29 de abril. “Fizemos uma grande plenária, depois, uma grande marcha e chegamos, à tarde, a entregar a pauta da classe trabalhadora para o presidente Lula”.
Antecedendo o 1º de Maio Internacional das Centrais do Cone Sul, diversas atividades foram realizadas com o mesmo espírito de unir as lutas dos trabalhadores dos três países. O, presente ao evento, lembrou algumas dessas atividades em seu discurso.
“Fizemos uma jornada latino-americana com a delegação de São Paulo aqui e os companheiros acharam importante essa integração junto com os outros países, porque a nossa luta é internacional, ela é de novos sindicatos da América Latina”, afirmou o dirigente.
Movimentos sociais
Zulato ainda ressaltou a importância do engajamento de movimentos populares no 1° de Maio. “Nossa luta só é possível porque nós temos uma unidade muito grande das centrais sindicais, que é uma unidade com o Movimento Popular, com o MST [Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra], com o MAB [Movimento Atingidos por Barragens], com a Marcha Mundial das Mulheres”, pontou.
Palavras de ordem
O Secretário-Geral da CUT ainda deixou uma mensagem de positividade para a militância. “Então eu queria dizer em nome da CUT que nós só vamos conquistar os nossos direitos retirados pela reforma trabalhista se tivermos unidade das centrais. Mas não é unidade no discurso, é ir para a rua, é colocar o povo na rua. A rua é nossa, sempre foi nossa. Em 2026, teremos dois projetos em disputa. Um é esse que está querendo reconstruir o Brasil, o outro é a volta do fascismo da ultradireita aqui no Brasil. Temos que ter lado. Nós fazemos crítica, sabemos que tem dificuldade no nosso governo, mas esse governo nós vamos defender para ser reeleito em 2026. Assumimos aqui um compromisso perante todos os trabalhadores. A luta continua”, finalizou Zulato.
Renato Zulato, Secretário-Geral da CUT, no 1º de Maio Internacional em Foz do Iguaçu, na região da tríplice fronteira, reforça a importância da unidade das trabalhadoras e dos trabalhadores de toda a região para pautas em comum que visem garantir e ampliar direitos (...) pic.twitter.com/8rmOl7AZmq
— CUT Brasil (@CUT_Brasil) May 1, 2025Seminário
As atividades na tríplice fronteira seguem nesta sexta-feira, (2) com o II Seminário Sobre a Situação da Classe Trabalhadora na América Latina, encontro que discutirá as pautas e demandas comuns aos trabalhadores e trabalhadoras dos três países (Brasil, Argentina e Paraguai) e será realizado também na Unila.
Entre os nomes já confirmados está o do desembargador do trabalho, Célio Horst Waldraff, o diretor do Escritório da OIT para o Brasil, Vinícius Pinheiro, o vice-reitor da Unila, Rodne de Oliveira Lima, o secretário-geral da CUT Brasil, Renato Zulato e o representante da UniAméricas, Marcio Monzanes.
Organização e realização
Tanto o 1º de Maio Internacional das Centrais do Cone Sul como o Seminário acima foram organizados, além da CUT, pelaa Coordenadora de Centrais Sindicais do Conesul, a Federação Nacional dos empregados da Caixa Econômica Federal (Fenae) e a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila).
O ato deste 1° de Maio foi realizado pela CUT em conjunto com a Central Sindical das Américas (CSA), além das centrais argentinas CGT, CTA e CTA T, do Paraguai a CUT, CUT Autêntica e CNT, além da PIT-CNT do Uruguai. Do Brasil participaram também a CTB, Força Sindical, Nova Central e UGT.
Veja abaixo a galreia de fotos do 1º de Maio Internacional das Centrais do Cone Sul