Escrito por: Leonardo Severo
Mar de solidariedade inundou as ruas de São Paulo nesta terça-feira pelo reconhecimento do Estado palestino
Mais de duas mil pessoas marcharam pelo centro da capital paulista em apoio à Palestina livre
A concentração iniciou frente ao Teatro Municipal de São Paulo, onde uma gigantesca bandeira palestina foi aberta, recebendo o abraço da população e da comunidade árabe. Bandeiras das centrais sindicais e das entidades estudantis UNE, UBES e UMES tremulavam lado a lado, enquanto faixas e cartazes denunciavam os crimes praticados por Israel.
João FelÃcio relatou o que viu durante visita de solidariedade à Palestina: usurpação e apartheid
Conforme o presidente da CUT, Artur Henrique, que liderou a passeata ao lado do secretário geral, Quintino Severo, a militância respondeu ao chamado, pois compreendeu que este é um momento histórico onde o motor deve ser a solidariedade. “O povo brasileiro está nas ruas para dizer que apoia a criação do Estado palestino e é contra a posição que Israel e Estados Unidos vão defender na ONU. Viva a Palestina, a justiça, a paz e a liberdade”, sublinhou Artur.
COORDENAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS
O presidente da CUT, Artur Henrique, manifesta a solidariedade militante com a causa palestina. Ao lado, o embaixador palestino agradece e sorri
Representando o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra), Marcelo Buzetto lembrou a frase do revolucionário argentino Ernesto Che Guevara: “Se você treme de indignaçãoperante uma injustiça no mundo, então somos companheiros”. Buzetto ressaltou que a luta em defesa do estado palestino tem apoio entre os judeus e israelenses, mas que o governo de direita de Israel – bem como a mídia internacional – manipulam informações com vistas a colocar a questão como um conflito religioso, a fim de justificar o injustificável. “Desde 1947, quando foi aprovada a criação do Estado de Israel, seus governos vêm desrespeitando as resoluções da ONU e impedem os palestinos de terem a sua liberdade”, acrescentou o dirigente do MST. A Via Campesina compareceu à manifestação com várias lideranças de trabalhadores rurais da Argentina, Chile, El Salvador, Honduras, México e Nicarágua.
Para Sônia Coelho, da Marcha Mundial das Mulheres, a luta do povo palestino pela sua auto-determinação e soberania toma agora outra dimensão, com a mobilização de centenas de milhares de pessoas em todo o mundo para se libertar da opressão. “Mulheres livres, povos soberanos”, enfatizou Soninha.
Rosane Bertotti, secretária nacional de Comunicação da CUT e da CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais)
CENTRAIS UNIDAS
De acordo com o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes, é hora de estar ao lado do povo palestino quando ele reivindica “a sua Pátria, o seu Estado, a sua nação”.
O secretário geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves (Juruna), frisou que a manifestação reverberava o sentimento de “paz e solidariedade, a busca de entendimento entre os povos, a voz e o grito de justiça em defesa da Palestina livre”.
Ao lado da secretária de Relações Internacionais da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Maria Pimentel, o presidente estadual, Paulo Sabóia, lembrou que “as agressões torpes do Estado de Israel contra os palestinos têm o financiamento do governo dos EUA, pois o imperialismo não quer que haja paz na região”.
PARTIDOS RESPALDAM SOBERANIA PALESTINA
Bandeira gigante da Palestina em frente à Câmara Municipal de São Paulo
Em nome do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Arnaldo Saldanha, frisou que ao votar pelo reconhecimento do Estado palestino o governo brasileiro está manifestando o seu compromisso com a paz, o desenvolvimento e a justiça.
Presente ao encerramento do ato, em frente à Câmara Municipal, o presidente da Casa, vereador José Police Neto, lembrou que o reconhecimento do estado palestino coroa uma luta de décadas, que foi vencida com muita determinação contra a opressão.
O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, lembrou que desde 1947, quando a ONU votou pela partilha da Palestina, apontou para a criação de dois Estados. Infelizmente, ressaltou, são mais de 60 anos onde o povo palestino suporta sofrimentos, privações e perseguições. Agora, frisou, é o momento de que seja feita a reparação desta injustiça.
Representando o Partido Pátria Livre (PPL), Nataniel Braia destacou que “chegou a hora do alvorecer de uma nova era dos povos, livres do imperialismo”. “Os mesmos que trabalham na ONU contra o reconhecimento do estado palestino são os que jogam bombas na Líbia e financiam os golpistas na Síria”, acrescentou.
EMBAIXADOR AGRADECE A LULA, DILMA E AO BRASIL
Acompanhado por lideranças, embaixador palestino discursa ao final do evento em frente à Câmara Municipal
O embaixador lembrou que em Ramalah, na Cisjordânia, onde atualmente está sediada a Autoridade Nacional Palestina (ANP), próxima ao busto do ex-presidente e líder Yasser Arafat, “a principal rua da cidade tem o nome de Brasil”. “Obrigado Lula, obrigado Dilma, obrigado povo brasileiro”, concluiu.