Escrito por: William Pedreira

CPFL e Grupo Equatorial assinam memorando de...

Dinheiro público poderá financiar mais sucateamento no setor elétrico, alerta dirigente do Sinergia CUT

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), órgão regulador do governo, entrou com o processo de intervenção sobre oito das nove distribuidoras do Grupo Rede Energia, que possui um passivo total de R$5,7 bilhões.

 

De olho num patrimônio com faturamento bruto anual de R$11 bilhões e que responde por cerca de 30% da energia consumida no país, a CPFL Energia e a Equatorial Energia assinaram um memorando de entendimentos que garante exclusividade de compra às duas empresas.

 

E para concretizar a transação, as duas companhias de energia já declararam que vão buscar cerca de R$2 bilhões junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES). Recursos públicos do povo brasileiro que estarão financiando mais sucateamento no setor elétrico, com aumento das tarifas, terceirização, precarização e demissões, conforme alerta Fábio Pádua, coordenador de Saúde e Segurança do Sinergia CUT (Sindicato dos Energéticos do Estado de São Paulo).

 

Dirigente do Sinergia CUT sempre ativo em defesa dos direitos da categoria“Caso seja institucionalizado esse aporte financeiro, será necessário que o governo garanta contrapartidas que inibam as demissões, a rotatividade, precarização das condições de trabalho, garantindo além de saúde e segurança, investimentos no quadro próprio de funcionários para que essas empresas tenham o mínimo de condições de atender de forma qualitativa a sociedade”, enfatiza Fábio.

 

O histórico da CPFL mostra o quanto danoso foi o processo de entrega do patrimônio público ao capital privado, exacerbado na onda de privatizações tucana no governo FHC/Serra.

 

Privatizada com injeção de dinheiro público, a CPFL passou por um desmonte na qualidade dos serviços prestados e nas condições de trabalho. O dirigente do Sinergia CUT, que trabalha há mais de 12 anos na CPFL e acompanhou todo processo de sucateamento, lembra que o quadro funcional à época da privatização era de sete mil de funcionários. Hoje, com todo enxugamento, são cerca de 3050, sem contar a prática de terceirização que precariza as relações de trabalho e resulta em altos índices de acidentes e mortes.

 

“A privatização representou uma verdadeira epidemia de acidentes e mortes. Somente no ano passado foram três acidentes fatais. Neste ano mais um. Se não houver um comprometimento e fiscalização do governo, as empresas continuarão priorizando seus escusos negócios em detrimento dos interesses da classe trabalhadora”, contesta Fábio.

 

Caso Celpa – fruto da privataria tucana,a Celpa (Centrais Elétricas do Pará) foi comprada pelo Grupo Rede Energia em 1998. Como primeira consequência, mais de dois mil trabalhadores foram substituídos por empregados com ganhos menores.

 

Além das demissões, a gestão do Grupo Rede foi marcada pela má administração, falta de autonomia e de investimento no sistema, terceirização, precarização, bem como a centralização dos serviços em São Paulo, processo que levou a empresa à falência.

 

Para a CUT, somente a federalização da Celpa via Eletrobrás, a exemplo do que já  ocorreu com outras elétricas, poderia revitalizar a empresa, com novos investimentos, comprometimento com a qualidade dos serviços e com os interesses do povo e a melhoria nas condições de trabalho.

 

Porém, sem intervenção do governo federal, a empresa foi comprada pela Equatorial Energia por uma quantia irrisória: R$ 1,00. E mais uma vez os trabalhadores e a população pagarão esta conta.