A Confederação Nacional dos Trabalhadores noComércio e Serviços (Contracs) reuniu-se, em maio, com a central sindicalfrancesa CGT para debater os problemas encontrados nas empresas francesas queatuam no Brasil. A conversa com a Contracs centralizou-se nos problemas da redevarejista Carrefour e da empresa prestadora de serviços Sodexo.
Participaram da reunião Josinete Mara da Fonseca,do Sindicato dos Trabalhadores no Comércio do Espírito Santo e representante daContracs; Heléne Bouneaud, responsável pelas relações internacionais da CGT;Gerard Bodard, da Federação do Comércio e Serviços e representante da Sodexo;Virginie Cauã, da Federação do Comércio e Serviço e representante do Carrefoure Jean Michel Dupire, coordenador geral da CGT.
Além de relatar os problemas encontrados na França,a CGT ouviu o relato da situação dos trabalhadores das duas empresas no Brasil.Como parte da visita ao Brasil, os companheiros franceses visitaram a unidadedo Carrefour Butantã e constataram que o processo francês de mecanização doatendimento está em fase inicial no País.
Carrefour
Os companheiros da CGT relataram em detalhes o novo projeto do Carrefour naFrança de substituir os trabalhadores pelas novas tecnologias. No último ano, 5mil postos de trabalho foram extintos pelo Carrefour na França.
Os clientes da rede varejista na França já podemcomprar e pagar suas compras sem que nenhum funcionário lhe atenda. O processoé usado até mesmo na hora de pesar alimentos através de uma balança inteligenteque detecta o produto, pesa e coloca o preço. De acordo com os relatos, na áreade eletrônicos, o mesmo acontece através de um terminal eletrônico, com acompra pela internet.
Além disso, os poucos trabalhadores da loja usamcoletes com propagandas da compra da empresa pela internet. Ou seja, otrabalhador ainda faz propaganda do sistema que mais tarde lhe tirará oemprego.
Por último, a delegação francesa destacou que osserviços administrativos estão sendo centralizados pela administração, queantes eram por loja e agora será único. A decisão deve afetar 2/3 dos postos detrabalho nessas atividades.
A CGT Francesa é contra o PLR. No país, o acordo éfeito uma vez por ano e beneficia o trabalhador apenas com 10% do seu salário,fazendo do benefício algo proporcional. De acordo com a central sindical, osistema é perverso, pois fomenta a competição entre as pessoas e permite aredução dos postos de trabalho com o alcance das metas por poucas pessoas.
Durante a visita à unidade Butantã do Carrefour noBrasil, a delegação sindical pôde constatar que os serviços administrativosbrasileiros também estão sendo centralizados. A terceirização de algunsserviços, como limpeza, carregadores de carrinhos, promotores de vendas e oinventário da loja, também pôde ser constatada.
Apesar das dificuldades, encontradas e enfrentadaspelos sindicatos franceses, a CGT comemora a conquista a favor dos promotoresde vendas da rede. Atualmente, todos os promotores são admitidos pelo Carrefourcomo seus funcionários e não mais como terceirizados. No entanto, para que issopudesse acontecer, a CGT promoveu ações juntamente com os sindicatos e não comos trabalhadores, que não participaram da ação por medo de perder seusempregos.
Sodexo
Para solucionar os problemas encontrados na Sodexo, a CGT relatou que estátrabalhando em conjunto com a SEIU com estratégia sindical voltada para osacionistas da Sodexo, que são compostos de membros da família fundadora (30%),membros do fundo de pensão francês (40%) e membros de fundos de pensãoamericano (30%).
De acordo com a CGT, estes fundos de pensãofinanciam apenas empresas éticas. A intenção é divulgar a ações irregulares daempresa de modo que os investimentos sejam afetados. A estratégia está dandocerto e já realizou uma reunião com os acionistas. Agora, UITA e CGT irãoelaborar um acordo internacional para garantir condições de trabalho,representação sindical e responsabilidade ética da empresa.
O acordo deve ser firmado em junho e vai garantirque os padrões sejam adotados em todas as plantas da empresa em todos os paísesna qual atua a Sodexo.
Ações conjuntas
Para acabar com os problemas encontrados em ambas empresas, a Contracs e a CGTfirmaram parceria em algumas ações.
No caso do Carrefour, a Contracs apresentará umalista de prioridades dos problemas que pretende resolver no Brasil e a CGTdesenvolverá uma campanha, que deverá ser desenvolvida pela Contracs. Alémdisso, a CGT irá divulgar os casos de problemas do Brasil na França, como temfeito e obtido resultados. De acordo com a CGT, o Carrefour não gosta de sujarsua imagem perante à sociedade, portanto, a divulgação de informações deviolação de direitos é bastante eficaz.
Já no caso da Sodexo, a Contracs informou que oBrasil tem a intenção de realizar uma pesquisa sobre os trabalhadores daempresa. A CGT manifestou interesse em financiar a pesquisa e solicitoumais detalhes.
Escrito por AdrianaFranco/Contracs-CUT
Adriana Franco - Jornalista
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