Escrito por: André Accarini
Votação aconteceu nesta sexta-feira, 16. CUT ocupará posição de destaque na diretoria
Nesta sexta-feira, 16 de maio, foi definida a nova direção da Confederação Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA) durante o 5° Congresso da entidade, realizado na República Dominicana. A CUT continua com posição de destaque na CSA com a recondução de Rafael Freire ao cargo de Secretário-Geral. Mais de 400 delegados de todo o continente votaram, por unanimidade na chapa única (veja quem compõe a diretoria abaixo).
Em postagem oficial em seus canais de comunicação a CSA reiterou compromisso com: a liberdade de associação e negociação coletiva, defesa dos direitos dos trabalhadores aposentados e pensionistas; fim do trabalho infantil, solidariedade com os povos da Palestina, Haiti, Colômbia, Argentina e Panamá, justiça climática sob ponto de vista dos trabalhadores e a participação igualitária das mulheres e dos jovens.
Para Antonio Lisboa, secretário de Relações Internacionais da CUT, é positiva a ‘visão’ da CSA para a atuação em defesa dos trabalhadores e trabalhadoras nos próximos. Para ele, a entidade se atualiza em face das mudanças nas relações de trabalho, nas sociedades e no mundo.
"A gente vive num mundo em profundas e rápidas transformações. Muitas vezes nós precisamos nos adequar a esse novo mundo, e muitas vezes nós acabamos tendo, digamos assim, comportamento de um mundo que não existe mais", afirmou Lisboa.
Ele destacou que a nova direção está alinhada com os desafios atuais: "Me parece que é uma direção que está e que será capaz de compreender essas novas realidades e construir as estratégias adequadas para enfrentar essa nova realidade de um mundo, como disse, em profundas e rápidas transformações".
Entre as mudanças citadas estão o avanço tecnológico e a mudança de eixo de poder global. "Os avanços tecnológicos, o avanço da nova produção industrial muda do Ocidente para o Oriente, muda também, consequentemente, o centro do poder global".
Sobre a participação da CUT, ele reforçou a importância da central: "Isso demonstra mais uma vez a importância da CUT e o papel que a Central desempenha na região. É a continuidade da nossa participação e da nossa presença efetiva".
Representatividade e integração com o mundo
Para a secretaria nacional de Formação da CUT, Rosane Bertotti, a direção eleita garante a representatividade do movimento sindical das Américas e proporciona uma maior articulação com o movimento sindical mundial, representado pela Confederação Sindical Internacional (CSI).
“Essa eleição reafirma a paridade e a participação das mulheres. Há um grande desafio de coordenar a organização sindical das Américas e articular as Américas com mundo, com a CSI”, disse a dirigente.
Rosane é presidenta do Comitê De Resoluções do Congresso. Mais cedo, a dirigente havia coordenado o encaminhamento de emendas ao texto-base, que incluem Formação profissional, transição justa para os trabalhadores diante das mudanças climáticas, cooperação para o desenvolvimento sustentável e a defesa da democracia e dos direitos.
“Recebemos um total de 20 resoluções, quatro das quais eram emendas ao documento base e 16 eram moções incidentais”, disse Rosane na manhã da sexta-feira. Ela também anunciou as moções que farão parte do documento final, que incluem a solidariedade ao povo palestino, imigração, liberdade de organização Argentina, entre outras, como a relação do movimento sindical com a COP 30 que será realizada no Brasil em novembro deste ano.
A votação das emendas e moções ocorre na manhã deste sábado, no último dia de Congresso da entidade
A nova direção
Denominada na entidade como secretariado, a diretoria para o quadriênio 2025-2029 tem como destaque o Cutista Rafael Freire como Secretário-Geral e será composta por:
A CUT ainda estará presente em outros espaços. Terá duas vagas de titulares e três como suplentes no Conselho da CSA. Os nomes ainda serão definidos. Além disso, a CUT terá uma vaga no Comitê de Juventude, que será ocupada pela secretária de Juventude da Central, Cristiana Paiva. A secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Amanda Corcino, também ocupará uma vaga de titular no Comitê de Mulheres.
Veja galeria de fotos do 5° Congresso da CSA
Outras atividades
Mulheres - Em discurso no plenário do Congresso da CSA, Amanda Corcino, secretária nacional da Mulher Trabalhadora da CUT, ressaltou a importância da participação das mulheres na luta de classes em tempos de avanço da extrema direita e do neofascismo no mundo. Ela alertou que as mulheres são mais impactadas do que os homens pois são mais atingidas pela precarização, salários menores, alto índice de informalidade, além da pobreza e do desemprego.
“Para mudar esse quadro é necessário maior protagonismo das mulheres no movimento sindical, com paridade nas direções, com mais mulheres ocupando espaço de decisão e de liderança e a perspectiva de gênero em todas as ações das organizações sindicais”.
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Educação: Heleno Araújo, presidente da CNTE/CUT comandou o lançamento da Campanha Internacional pela Educação Pública. Em seu discurso, o dirigente reafirmou que o movimento sindical exige “todas as garantias com qualidade social para que o acesso e a permanência dos estudantes nas escolas públicas sejam garantidos e a conclusão dos seus estudos”
A campanha, segundo anuncio de Heleno, visa efetivação da equidade, do respeito à diversidade e à inclusão escolar e social e estimulará a participação de todos os segmentos da comunidade escolar nos rumos democráticos das escolas públicas e dos nossos países.
“Queremos aproveitar o lançamento desta campanha para convidar, convocar cada trabalhadora, cada trabalhador para se envolver e ajudar a divulgar amplamente essa campanha. Queremos sugerir que vocês coloquem a marca desta campanha nos materiais das suas entidades. Indiquem as entidades dos movimentos sociais dos seus países que coloquem a marca desta campanha em defesa da educação pública’, disse o dirigente.
Haiti
Ainda na tarde desta sexta-feira, a CUT, representada pela diretora executiva Janeslei Albuquerque, realizou um ato de solidariedade ao povo haitiano e à classe trabalhadora do país.
O Haiti vive uma crise profunda marcada por violência generalizada de gangues e uma instabilidade política que vem desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse em 2021. Desde então não foram realizadas eleições e o país vive uma grave crise humanitária, com 40% da população enfrentando fome e êxodo em massa.
Janeslei traçou um paralelo entre democracia e grupos armados como os que controlam 80% da capital haitiana, Porto Príncipe. “A luta pela democracia e combate à extrema direita que está na pauta da CSA nos obriga a perguntar a quem interessam os grupos armados. Os grupos interessam sempre à extrema direita. A integração regional implica em sermos solidários internacionalmente com a classe trabalhadora”, disse a dirigente.
5° Congresso
O 5° Congresso da CSA Pepe Mujica (uma homenagem ao ex-presidente uruguaio, falecido no dia 13) foi a primeira reunião presencial desde a pandemia. Este sábado, 17, será o último dia de atividades, com destaque para, além da votação do Documento Final do Congresso, a participação do ministro do Trabalho da República Dominicana, Eddy Olivares Ortega, além do Diretor-Geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Gilbert Houngbo e do Secretário-Geral da CSI, Luc Triangle.