Escrito por: STIM Feira de Santana
Yazaki do Brasil ameaça fechar fábrica e não dialoga com sindicatos; Presidente da CNM afirma que entidade chamará a Yazaki à responsabilidade para garantir os empregos na unidade
O Sindicato dos Metalúrgicos de Feira de Santana (BA) deflagrou uma campanha em defesa do emprego de 1.200 trabalhadores na unidade da Yazaki do Brasil, fábrica de autopeças. A empresa está ameaçando fechar a fábrica e não aceita dialogar com a entidade para debater uma solução que garanta a continuidade da produção e a manutenção dos postos de trabalho.
A entidade dos trabalhadores quer uma negociação da qual também participem representantes do governo estadual e da prefeitura.
Segundo o presidente do Sindicato, Fábio Dias de Souza, a empresa recebeu incentivos fiscais para se instalar em Feira de Santana.
"Agora, em nome do lucro, ela simplesmente fala em fechar a unidade e deixar 1.200 trabalhadores sem emprego. Isso pode trazer um impacto grande não apenas para as famílias, mas para toda a economia local", destaca Fábio, que também é vice-presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT).
O presidente da Confederação, Paulo Cayres, informa que a entidade também fará gestões para que a empresa não feche a unidade e que está pedindo apoio a todas as entidades filiadas para se somarem a esta luta do Sindicato de Feira de Santana.
"Somos solidários aos metalúrgicos na Yazaki e à luta do Sindicato de Feira de Santana e vamos lutar junto com eles para chamar a Yazaki à responsabilidade e para garantir os empregos na unidade", assinala Paulo Cayres.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Feira de Santana divulgou nesta quinta-feira (12) uma carta aberta sobre o problema, pedindo apoio à sua luta. Confira a íntegra do documento:
CARTA ABERTA
PELA MANUTENÇÃO DOS EMPREGOS DA UNIDADE DA YAZAKI BRASIL EM FEIRA DE SANTANA-BA
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas de Feira de Santana e região (STIM) reivindica respeito às vidas de 1.200 trabalhadores e de seus familiares ameaçadas pelo risco do fechamento da unidade da Yazaki do Brasil, localizada no Conjunto Industrial Subaé (CIS), em Feira de Santana.
As tentativas do STIM em negociar a situação foram frustradas pelo descaso da administração local da Yazaki, que se recusa a dialogar e encontrar saídas para o problema. Esta atitude desrespeita o direito constitucional à organização sindical dos trabalhadores e o princípio do diálogo social para a resolução dos conflitos trabalhistas.
Neste sentido, propomos que seja instalada uma mesa de negociação - em regime de urgência - para tratar da manutenção do funcionamento desta unidade através do diálogo tripartite, contando com a participação de representantes do Sindicato, da Yazaki, da Prefeitura Municipal e do Governo da Bahia, visando proteger o direito ao trabalho dos 1.200 funcionários.
A Yazaki do Brasil, empresa de origem japonesa especializada na fabricação de peças para a indústria automobilística, está há 12 anos com unidade instalada em Feira de Santana. Os 1.200 trabalhadores desta unidade representam mais de 10% do seu quadro funcional em países da América do Sul.
Em nosso país, a Yazaki está expandindo suas operações para o estado de Sergipe, com investimentos que ultrapassam a ordem de R$ 40 milhões. Desta forma, a justificativa da crise do setor automobilístico não se sustenta para o fechamento da unidade em Feira de Santana e mostra que ela está mais preocupada com suas taxas de lucro do que com os funcionários que dedicam cotidianamente suas vidas e capacidades para a produção de autopeças e dos resultados positivos da empresa.
O desemprego não é o único legado que o fechamento da Yazaki deixará para o município de Feira de Santana e para o estado da Bahia. Atualmente, cerca de 300 funcionários da empresa se encontram lesionados por conta do desrespeito à saúde e segurança do trabalhador no processo de produção. Diante disso, o Ministério Público do Trabalho aplicou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) à Yazaki para reparar os danos causados aos funcionários lesionados e para a melhoria das condições de trabalho na unidade, atendendo a reivindicação do nosso Sindicato.
Solicitamos que o Governo da Bahia e a Prefeitura Municipal não se isentem e contribuam para a instalação de um ambiente de negociação com a empresa, visando proteger os empregos ameaçados. Esta empresa muito se beneficiou dos incentivos fiscais locais e com a política de desoneração implementada pelo governo federal. Portanto, exigimos da Yazaki a manutenção de empregos como contrapartida social face aos incentivos recebidos.
Esta luta não é apenas dos 1.200 funcionários ameaçados pelo desemprego e do STIM, que os representa sindicalmente. Trata-se de uma luta de toda a sociedade feirense e baiana, que poderá perder empregos e renda que favorecem a circulação econômica e afeta na qualidade de vida do conjunto da população.
Portanto, a luta pelo direito ao trabalho e a manifestação de solidariedade de toda a sociedade animam e dão esperança para as centenas de trabalhadores na Yazaki, apontando a perspectiva de reversão deste quadro e manutenção dos empregos.
Feira de Santana, 12 de junho de 2014.
Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas de Feira de Santana e Região