Escrito por: Luiz R Cabral

CONAES define prioridades para fortalecer a economia solidária e ampliar a inclusão

Para secretário da economia solidária, a CUT está engajada em transformar essa proposta em realidade, com parcerias dentro e fora do movimento sindical

Luciana Waclawovski - SENAES/MTE

A 4ª Conferência Nacional de Economia Solidária (CONAES) recolocou o tema na agenda pública. O evento ocorreu entre os dias 13 e 16 de agosto em Luziânia–GO, com etapas preparatórias realizadas desde abril de 2024 em municípios, estados e conferências temáticas. A retomada foi marcada pela definição de políticas públicas estruturantes para fortalecer a economia popular e solidária como motor de desenvolvimento sustentável e de inclusão.

Quatro eixos de propostas

A conferência aprovou diretrizes em quatro eixos centrais. No campo da produção, comercialização e consumo, foram aprovadas medidas como uma política nacional de compras públicas, certificação, apoio a centros de produção e incentivo à participação de mulheres e jovens. Em financiamento, a criação de um Sistema Nacional de Finanças Solidárias, estímulo ao uso de moedas sociais e fundos regionais. No eixo da educação, a expansão do Programa Paul Singer de Formação, a inclusão da economia solidária nos currículos escolares e o fortalecimento de incubadoras. Já em legislação e ambiente institucional, a regulamentação da Lei Paul Singer e a criação de novos marcos legais para cooperativas sociais, alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

O papel da CUT

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) esteve presente com delegação de diversos estados e da Agência de Desenvolvimento Solidário (ADS-CUT). O secretário nacional de Economia Solidária da CUT, Admirson Medeiros Ferro Júnior, o Greg, participou como delegado nato do Conselho Nacional. Para ele, a conferência reforça um movimento necessário de reorganização sindical diante das mudanças do mercado de trabalho. “O movimento sindical precisa encontrar caminhos para englobar toda a classe trabalhadora, seja com vínculo formal, seja por meio de cooperativas, associações ou iniciativas individuais. Há milhares de pessoas atuando de forma solitária, organizadas como MEI ou em pequenos coletivos, e é fundamental que elas também tenham representação”, afirmou.

Resgate histórico

Greg também lembrou que esse debate tem raízes na história da central. Nos anos 1980, em meio ao desemprego em massa, a CUT criou a ADS para incentivar cooperativas e redes de comercialização, além de apoiar a criação de organizações como a Unisol e a Unicap.

“A ADS cumpriu papel central na articulação de empreendimentos coletivos. Agora, nossa tarefa é retomar essa experiência, que perdeu força com os ataques ao movimento sindical e durante a pandemia”, avaliou o secretário.

Formação de lideranças

Durante a conferência, a CUT articulou a criação de coletivos estaduais de economia solidária, considerados estratégicos para ampliar a integração com empreendimentos locais. Greg destacou ainda a necessidade de formação de lideranças. “O diálogo reforça nossa convicção de que precisamos viabilizar um programa de capacitação para dirigentes sindicais sobre Economia Popular e Solidária. Estamos engajados em transformar essa proposta em realidade, com parcerias dentro e fora do movimento sindical”, disse.

Natal Solidário

Entre as iniciativas planejadas pela Secretaria da Economia Solidária está o Natal Solidário, que pretende aproximar sindicatos e empreendimentos do setor no fim do ano, com feiras e debates sobre consumo justo. A proposta busca valorizar produtos sem agrotóxicos e produzidos em condições de trabalho dignas. “Queremos sensibilizar dirigentes e trabalhadores sobre a importância da economia solidária. O Natal Solidário será uma oportunidade de criar redes e mostrar que é possível construir outra forma de consumo”, ressaltou Greg.

Bandeira estratégica

Para ele, resgatar a economia solidária como bandeira da CUT é também reafirmar o protagonismo histórico da central. “Várias iniciativas mostraram que o movimento sindical pode ir além da defesa do emprego formal, ajudando a criar alternativas de geração de renda e fortalecendo a organização coletiva”, concluiu.