Escrito por: Federação
Petrobrás não apresenta proposta e conselho deliberativo da FUP reúne-se nesta quinta para organizar a greve
Nesta quarta-feira, 03 de outubro, data em que a Petrobrás completa 59 anos de existência, a FUP e seus sindicatos realizaram uma grande manifestação contra a retomada dos leilões de petróleo, que reuniu cerca de 800 pessoas entorno do prédio onde estão localizadas a Agência Nacional de Petróleo (ANP) e a Transpetro, no Centro do Rio de Janeiro.
Além dos petroleiros, participaram do ato militantes da Via Campesina e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que integram a Plataforma Operária e Camponesa de Energia.
Os manifestantes condenaram a realização de novas rodadas de licitação de blocos petrolíferos, anunciada pelo governo nas últimas semanas, e denunciaram as condições precárias e inseguras de trabalho no setor, cobrando da Petrobrás um acordo digno para os trabalhadores.
O ato foi convocado pela FUP e teve inicio às 7h, com a chegada de caravanas de petroleiros e camponeses vindas de Minas Gerais, São Paulo, Norte Fluminense e Duque de Caxias, Paraná e Santa Catarina. Representantes do Sitramico-RJ e do Sinergia de Santa Catarina também somaram-se à manifestação. Apesar da legitimidade do ato, a Polícia Militar tentou reprimir a manifestação, utilizando, inclusive, gás de pimenta contra os trabalhadores.
A repressão da polícia não reduziu o ânimo, nem a garra dos manifestantes. Pelo contrário, os trabalhadores empunharam suas bandeiras e faixas e deram o recado para o governo de que mais do nunca estão organizados na luta contra a entrega dos recursos naturais do Brasil. As lideranças ressaltaram a necessidade de fazer andar no Congresso Nacional o Projeto de Lei dos Movimentos Sociais (PLS 531/2009), que defende o restabelecimento do monopólio estatal através de uma Petrobrás 100% pública.
Joceli Andrioli, da Coordenação Geral do MAB, frisou a importância da Plataforma Operária e Camponesa de Energia na luta pelo controle estatal e social dos recursos energéticos e afirmou que os leilões de petróleo devem ser uma preocupação de todos os brasileiros, pois significam a privatização de um recurso natural extremamente estratégico para o país. “Esse é o momento dos trabalhadores estarem ainda mais organizados na defesa da soberania e também contra os ataques aos nossos direitos ", citando o exemplo das terceirizações que constantemente matam e precarizam os trabalhadores do setor energético.
“Mais do que nunca, temos que fortalecer a luta para garantir que os recursos energéticos estejam sob o controle do Estado para que possam ser utilizados a favor do povo brasileiro e dos trabalhadores e não do capital privado e das multinacionais, como querem os entreguistas”, ressaltou.
O coordenador geral da FUP, João Antônio de Moraes, lembrou que a manifestação integra o calendário de lutas dos petroleiros por melhores condições de trabalho e um acordo coletivo digno, mas principalmente, é em defesa do Brasil.
“Há exatos 59 anos, o presidente Getúlio Vargas criou a Petrobrás e o monopólio estatal do petróleo. Ele não fez um favor. Foram necessários sete anos de luta, com o povo organizado nas ruas, durante a campanha "O petróleo é nosso". Agora damos continuidade à luta dos nossos antepassados, que sabiam a importância estratégica do petróleo para uma nação. A defesa da soberania nacional e do monopólio estatal do petróleo é uma luta contínua, que só se resolve com o povo organizado”, enfatizou. O ato foi encerrado ao som do hino nacional, com participação de todos os manifestantes, que, mais uma vez, demonstraram a importância de estarem nas ruas, defendendo a soberania nacional.
Petrobrás não apresenta proposta e Conselho Deliberativo da FUP reúne-se para discutir greve
A FUP teve mais uma rodada de negociação com a Petrobrás na manhã desta quarta-feira, 03, para buscar uma proposta que possa contemplar as principais reivindicações da categoria. A reunião contou com a participação das subsidiárias e gerências de todos os setores da empresa, bem como de dirigentes da maioria dos sindicatos da FUP e também do Sitramico-RJ, que representa os trabalhadores da BR Distribuidora.
A FUP abriu a reunião, destacando a presença hoje no Rio de Janeiro de trabalhadores de várias regiões do país, que participaram, no início da manhã, do ato público realizado em frente aos prédios da Transpetro e da ANP, contra a retomada dos leilões de petróleo e por condições dignas de trabalho e salários.
Em resposta à cobrança da FUP de uma nova proposta, a gerência de RH da Petrobrás informou que não há expectativas da empresa apresentar nesta quarta uma nova proposição aos trabalhadores, alegando que depende da reunião de quinta-feira da Diretoria Executiva para que seja discutida a última proposta que o RH da empresa se comprometeu a apresentar para a FUP no máximo até esta sexta-feira, 05.
A FUP tornou a destacar que hoje termina o prazo estabelecido pelos sindicatos para uma resposta da Petrobrás e que a empresa foi comunicada desde a semana passada sobre a rejeição em massa da sua atual proposta. Os trabalhadores cobraram uma nova proposta até o mais tardar na manhã desta quinta-feira, 04, data em que o Conselho Deliberativo da FUP volta a se reunir para definir os próximos passos da campanha salarial e a organização da greve por tempo indeterminado, a partir do próximo dia 11.
A Petrobrás mais uma vez tentou justificar que os atuais resultados da empresa não são bons, tanto no que diz respeito a produção, quanto aos indicadores financeiros, reiterando que deve apresentar até sexta-feira, 05, uma “última e definitiva proposta". A FUP rebateu, afirmando que tudo leva a crer que a empresa termine 2012 com um resultado positivo, não tão pujante quanto nos anos anteriores, mas muito melhor do que o de diversas outras empresas que
fecharam acordos garantindo aos trabalhadores ganhos reais bem acima do que o está sendo proposto pela Petrobrás.
A FUP destacou em mesa os principais pontos considerados essenciais para a construção de um acordo com avanços para a categoria. São eles:
· Ganho real digno, compatível com a importância das atividades da Petrobrás para o país;
· Solução para o regramento das PLRs futuras;
· Equiparação das horas extras dos trabalhadores do administrativo com os trabalhadores de regimes especiais e
horas extras a 120% nas paradas de manutenção;
· Pagamento dos feriados trabalhados no turno (extra-turno/dobradinha);
· Auxílio alimentação para todos os trabalhadores, como já é praticado na BR Distribuidora;
· Readequação da tabela do ATS (Adicional por Tempo de Serviço);
· Adicional de penosidade, como já foi conquistado por várias outras categorias;
· Cumprimento do ACT da Transpetro, que prevê a implantação da AMS para aposentados e pensionistas;
· Que nenhum trabalhador receba o abono proposto pela Petrobrás com valores inferiores ao que foi pago no ano passado.