Escrito por: Sérgio Cruz/Hora do Povo
Um levantamento divulgado no início da semanapelo jornal Correio Braziliense sobre a candidatura de José Serra à Presidênciada República revela um quadro desalentador para as suas pretensões eleitorais.O tucano, em queda nas pesquisas, vem sendo desprezado até mesmo por seusaliados. Seu nome não aparece no material de campanha dos candidatos do Dem edo PSDB aos governos e nem ao Senado em 12 estados. E, quando aparece, é emtamanho minúsculo.
Isso acontece até em SãoPaulo, sua terra natal, onde o candidato tucano ao governo do estado, GeraldoAlckmin, apesar de ter inaugurado um comitê central de campanha com a foto dosdois, em seu site na internet esconde a imagem de Serra colocando-a num cantode página, ao lado dos candidatos ao Senado, Aloysio Nunes e Orestes Quércia.Em Alagoas, o governador Teotônio Vilela (PSDB) faz o mesmo, afastando-se deSerra e tentando mostrar em sua campanha uma grande proximidade com opresidente Lula e com sua candidata, Dilma Rousseff.
Ao contrário de Dilma, quevem sendo muito disputada por todos os candidatos e tendo, em um grande númerode lugares, mais de um palanque, Serra foi preterido até mesmo em lugares comoo Paraná, que ele considerava como uma base firme. Lá, o candidato tucano, BetoRicha, deixa no site apenas o material da campanha ao governo do estado. Nadade Serra.
Perguntada por que oex-governador não aparece, a assessoria da campanha de Richa explicou que omaterial com Serra “está sendo providenciado”. A demora na confecção dosmateriais, a falta de dinheiro e a desorganização da campanha, inclusive, játinham sido apontadas por Roberto Jefferson (PTB) na segunda-feira. O senadortucano Álvaro Dias, antigo aliado fiel, depois de ser descartado por Serra paravice, resolveu manter-se afastado da campanha nacional.
Nem no estado onde oDatafolha mais força a barra no roubo das pesquisas, insuflando o tucano paratentar manter o seu desacreditado “empate técnico” a nível nacional, o RioGrande do Sul, Serra tem vez. A candidata tucana ao governo, Yeda Crusius, nãomantém foto do ex-governador nem no seu comitê central da campanha. Neste caso,realmente é difícil saber qual dos dois é o mais tostado. Parece que Yeda achaque é o Serra. Afinal, além de não colocar foto dele no seu comitê, elarecentemente recusou-se a comparecer a uma atividade do presidenciável noestado.
Em Minas Gerais, segundomaior colégio eleitoral do país, Serra não está nos materiais de campanha docandidato a governador, Antônio Anastasia (PSDB) e nem do Aécio. Segundo apesquisa do Correio Braziliense, ele só aparece, pequeno, em um santinho deItamar Franco (PPS), candidato ao Senado que, na semana passada, lembrou quefoi o seu ex-ministro da Saúde, Jamil Haddad, quem criou os genéricos e nãoSerra. O PSDB nacional fez um levantamento das atividades da campanha de Minaspara mostrar que o nome de Serra não está sendo citado. O partido chegou areclamar que o nome do candidato a presidente só é lembrado em Minas quando eleestá visitando a região. É só Serra sair, e os candidatos locais param de falarem seu nome.
No Norte a situação deSerra também é muito ruim. No Acre, o candidato a governador, Tião Bocalom(PSDB), só usa o seu nome no material da campanha. “No santinho, só tem ogovernador. O material do Serra é só um adesivo com o número 45”, diz aassessoria de Bocalom. Na disputa do Pará, entre Ana Júlia (PT), que concorre àreeleição, e o candidato tucano Simão Jatene, Serra desaparece completamente. Éque Jatene também não está usando o nome de seu correligionário em suacampanha. Em Palmas (TO) o candidato Siqueira Campos (PSDB) fez como oscandidatos de Minas Gerais: só distribuiu santinho junto com Serra quando eleesteve lá esta semana.
No Espírito Santo, o candidatoa governador, Luiz Paulo Velozo (PSDB), divulga apenas a sua candidatura eponto final. Em Mato Grosso do Sul, André Puccineli (PMDB) deverá deixar Serrade fora de sua campanha. Em outros dois estados, a situação do tucano temdesanimado bastante os integrantes da campanha. No Amazonas, o senador ArthurVirgílio Neto (PSDB) chegou a propor ao comando da campanha de Serra o apoio deseu grupo político no estado à candidatura de Marina Silva (PV). Ele deve acharque sua reeleição está bastante ameaçada se apoiar Serra. Virgílio tem razão.Dilma e Lula têm altos índices de aprovação e apoio no estado. No Rio deJaneiro, terceiro colégio eleitoral, nem palanque Serra terá. Lá Dilma tem oapoio do governador Sérgio Cabral, que disputa a reeleição. O outro candidato éGabeira, que por força maior, apóia Marina Silva. Serra só terá o apoio de seu“Índio”.
Mas é no Nordeste que oquadro é ainda mais desolador para o sonho de Serra de chegar ao Planalto. Nomaterial de Marcos Cals (PSDB), que concorre ao governo do Ceará, o grandedestaque é para o senador Tasso Jereissati (PSDB). Jereissati já tinhaesquecido também de colocar a foto de Serra na inauguração de seu comitêcentral no estado. Paulo Souto, na Bahia, apresenta Serra de forma discreta,enquanto Dilma aparece fortemente nos dois principais palanques baianos: doatual governador, Jaques Wagner (PT), que tenta a reeleição, e do ex-ministroda Integração, Geddel Vieira Lima (PMDB). No Maranhão, onde Dilma também temdois palanques, Jackson Lago (PDT) diz que aguarda orientação jurídica, poisseu partido está coligado nacionalmente com a campanha de Dilma.
Pelo visto, só o Datafolhaé que tenta escorar Serra. Apenas esse instituto é que consegue ver campanha deSerra para insistir na fábula do “empate técnico” de Dilma com o tucano.