Escrito por: Redação CUT

Brasil sai do Mapa da Fome da ONU

Em apenas dois anos, o Governo do Brasil reduziu a insegurança alimentar para menos de 2,5%, retomando trajetória de combate à fome e à pobreza

Lyon Santos / MDS

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO/ONU) anunciou nesta segunda-feira (28), em Adis Abeba, Etiópia, que o Brasil saiu do Mapa da Fome.  Esta é a segunda vez que o país conseguiu colocar abaixo do patamar de 2,5% a população em risco de subnutrição ou de falta de acesso à alimentação suficiente. A primeira foi em 2014, durante o governo Dilma Roussef (PT).  Entre 2014 e 2016, o número de pessoas com insegurança alimentar era de 3,9 milhões.

No entanto, a partir de 2018, o desmonte de programas sociais fez o Brasil retroceder e retornar ao Mapa da Fome no triênio 2018/2019/2020, nos governos de Michel Temer (MDB) e se manteve com Jair Bolsonaro (PL). A insegurança alimentar quase dobrou entre 2018 e 2020 e, a fome atingiu 7,5 milhões de brasileiros. Em 2021 eram 49,6 milhões de brasileiros em situação de insegurança alimentar moderada ou grave.

Agora no terceiro mandato do presidente Lula (PT), o Brasil volta a sair dessa situação. O combate à fome no Brasil surgiu a partir do Programa Fome Zero, um compromisso que o presidente Lula fez na posse do seu primeiro mandato em 2003 para assegurar comida na mesa de todos os brasileiros.

"Sair do Mapa da Fome era o objetivo primeiro do presidente Lula ao iniciar o seu mandato em janeiro de 2023. A meta era fazer isso até o fim de 2026”, lembrou o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias. “Mostramos que, com o Plano Brasil Sem Fome, muito trabalho duro e políticas públicas robustas, foi possível alcançar esse objetivo em apenas dois anos. Não há soberania sem justiça alimentar. E não há justiça social sem democracia", completou.

Os dados constam no Relatório O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2025 – SOFI 2025 – lançado pela FAO durante a 2ª Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU (UNFSS+4). O encontro ocorre até 29 de julho na capital da Etiópia.

Os números nacionais da fome, captados por meio da aplicação da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) nas pesquisas do IBGE, mostraram que, até o final de 2023, o país retirou cerca de 24 milhões de pessoas da insegurança alimentar grave.

Emprego e renda
Além disso, em 2023, o país reduziu a pobreza extrema a 4,4%, um mínimo histórico, refletindo a retirada de quase 10 milhões de pessoas dessa condição em relação a 2021. Em 2024, a taxa de desemprego chegou a 6,6%, a menor desde 2012, o rendimento mensal domiciliar per capita bateu recorde, chegando a R$ 2.020, e o índice de Gini, que mede a desigualdade, recuou para 0,506 — menor resultado da série histórica.

Em 2024, a renda do trabalho dos 10% mais pobres do Brasil cresceu 10,7%. E o ritmo desse crescimento foi 50% maior do que o verificado entre os 10% mais ricos. A renda do trabalho subiu, em média, 7,1% no ano.

Além disso, de acordo com informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), das 1,7 milhão de vagas com carteira assinada criadas no Brasil em 2024, 98,8% foram ocupadas por pessoas cadastradas no Cadastro Único do Governo Federal. Entre os contratados, 1,27 milhão (75,5%) eram beneficiários do Bolsa Família.

Com aumento de renda ao conquistar um emprego estável ou uma melhor condição financeira como empreendedores, cerca de um milhão de famílias superaram a pobreza e deixaram de receber o benefício do Bolsa Família em julho de 2025.

"Essa vitória é fruto de políticas públicas eficazes, como o Plano Brasil Sem Fome que engloba o Bolsa Família, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Programa Cozinha Solidária, a valorização do salário mínimo, crédito para a produção de alimentos pela agricultura familiar (PRONAF), incentivo à qualificação profissional, ao emprego e ao empreendedorismo, além do incremento da alimentação escolar. Todas as políticas sociais trabalhando juntas para ter um Brasil sem fome e soberano", afirmou Wellington Dias.

O que é o Mapa da Fome da FAO/ONU?

O Mapa da Fome é um indicador global da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) que identifica países onde mais de 2,5% da população sofre de subalimentação grave (insegurança alimentar crônica). Estar no Mapa da Fome significa que uma parcela significativa da população não tem acesso regular a alimentos suficientes para uma vida saudável.

A FAO adota alguns indicadores para monitorar a situação alimentar nos países no âmbito da Agenda 2030 dos ODS: o indicador Prevalência de Subnutrição (Prevalence of undernourishment – PoU) é o utilizado na construção do Mapa da Fome. Esse indicador identifica, em cada país, o percentual da população em risco de subnutrição, isto é, que não tem acesso regular a alimentos em quantidade suficiente para uma vida saudável. Se esse percentual ficar acima de 2,5% da população, isso significa que o país está no Mapa da Fome.

Como é feito o cálculo que coloca ou retira um país do Mapa da Fome?

O PoU é calculado a partir de três variáveis: quantidade de alimentos disponíveis no país, considerando produção interna, importação e exportação; o consumo de alimentos pela população, considerando as diferenças de capacidade de aquisição (a renda) e a quantidade adequada de calorias/dia, definida para um “indivíduo médio” representativo da população.

Estimada a quantidade total de alimentos disponíveis no país, calcula-se como ela se distribuiria entre a população, considerando que essa distribuição não é igualitária, mas varia de acordo com a renda que os indivíduos têm para adquirir alimentos (os mais pobres, por exemplo, têm menor capacidade aquisitiva). Por fim, calcula-se, dada essa distribuição, o percentual da população que não teria acesso a alimentos em quantidade suficientes (kcal/dias) para uma vida saudável. Se esse percentual ficar acima de 2,5%, o país está no Mapa da Fome.

O Relatório da FAO divulga esse indicador sempre na forma de médias trienais (três anos).  No caso do Brasil, a média 2022/2023/2024 do PoU ficou abaixo de 2,5%, mesmo com o ano crítico de 2022. Por isso, o Brasil agora em 2025 saiu do Mapa da Fome.

De quanto em quanto tempo os dados do Mapa da Fome são atualizados?

A FAO publica relatórios anuais, mas a classificação no Mapa da Fome é baseada em médias móveis de três anos para evitar distorções por eventos pontuais (como crises econômicas ou climáticas). A cada nova edição do Relatório da FAO, os números do ano anterior podem ser revisados, em função da disponibilidade de dados mais atuais.

Quais são os indicadores usados no Brasil para direcionar as políticas públicas, além do Mapa da Fome?

Depois de um hiato estatístico, em que indicadores importantes para o acompanhamento da segurança alimentar deixaram de ser coletados, o Brasil voltou a contar com dados sobre a incidência da fome no país. Os números de referência para políticas de combate à fome continuam a ser aqueles produzidos pela aplicação da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) nas pesquisas domiciliares oficiais do IBGE (PNAD Contínua e Pesquisa de Orçamentos Familiares). A partir dessas pesquisas, são aferidos dados de renda e pobreza, essenciais para identificar e situar grupos sociais vulneráveis à fome, tendo em vista a forte associação entre a insuficiência de renda e a insegurança alimentar.

O IBGE realiza ainda a Pesquisa Nacional de Saúde, que oferece dados para monitorar indicadores de saúde relacionados à alimentação. Além disso, o acompanhamento nutricional de crianças beneficiárias do Bolsa Família, realizado pelas equipes da estratégia Saúde da Família (eSF) e pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS), gera dados periódicos e atualizados, por município, que permitem identificar problemas de má nutrição (de magreza acentuada à obesidade) nesses grupos. Na Saúde, há também a Triagem para Risco de Insegurança Alimentar (TRIA), iniciada em novembro de 2023, que capta, por meio de duas perguntas da EBIA aplicadas nas UBS e pelas equipes da eSF, família em risco de insegurança alimentar. Elas passam a ser acompanhadas e recebem encaminhamento para políticas de transferência de renda e acesso à alimentação.

Por fim, o Cadastro Único para Programas Sociais, do MDS, começou a ser usado para mapear, por meio de uma projeção estatística, o percentual de risco de insegurança alimentar grave, por município, das famílias inscritas no CadÚnico, tendo como referência indicadores captados a partir da EBIA nas pesquisas domiciliares do IBGE.

O que é o Relatório SOFI?

Anualmente, a FAO apresenta o número principal de pessoas subnutridas em todo o mundo, ao mesmo tempo em que defende estratégias contra a fome e a desnutrição. Após a publicação do relatório global, uma grande quantidade de estatísticas é desagregada em relatórios regionais. O SOFI é produzido em conjunto com agências da ONU como FIDA, UNICEF, PMA e OMS. Link para acessar o relatório aqui

 Da Assessoria de Comunicação - Ministério do Desenvolvimento Social (MDS)