Bancários do Santander param contra a reforma trabalhista

Milhares de funcionários do banco espanhol fazem dia de greve contra nova legislação

Seeb-SP

São Paulo – Bancários do Santander de todo o país estão com suas atividades paralisadas, nesta quarta-feira 20, contra a aplicação de diversos pontos da reforma trabalhista de Michel Temer, encomendada por banqueiros e empresários.

“A direção do banco impõe um  acordo individual de banco de horas e o fracionamento das férias, ancorados pela Reforma Trabalhista. A nova lei permite a negociação direta entre empresa e trabalhador nesses dois temas, em uma correlação desigual de poder, na qual o empregador pode impor sua vontade sobre a prerrogativa de demitir o empregado caso não aceite os termos. Cobramos do banco a revogação dessas medidas e abertura de negociação”, disse Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região “Não podemos aceitar que o banco Santander tenha lucro de R$ 7,9 bilhões nos primeiros nove meses deste ano, um crescimento de 34,6%, reduza 1,3 mil postos de trabalho desde setembro de 2016 e ainda queira lucrar retirando direitos dos trabalhadores”.

O banco também anunciou que, a partir de março, o salário passará a ser creditado no dia 30 e não mais no dia 20. E o décimo terceiro, que era pago em março e novembro, passará para os meses de maio e dezembro. 

"Esse acordo é inconstitucional. Pela Constituição, bancos de horas somente podem ser negociados em acordos ou contratos coletivos", afirmou a diretora executiva do Sindicato, Rita Berlofa, presidenta da UNI Finanças Mundial, e funcionária da Santander.

“O banco está se notabilizando por práticas antissindicais e escândalos de lavagem de dinheiro em todo o mundo. Lutamos para manter o acordo de neutralidade nos EUA eaguardamos uma resposta do banco, que mantem no Brasil seus lucros crescentes e, como concessão pública, têm a obrigação de gerar emprego e contribuir para a melhoria da economia e o desenvolvimento do país e não prejudicar seus funcionários e aumentar os bônus milionários aos seus executivos e o lucro dos seus acionistas”.

Na base do Sindicato, ficarão paralisados, a sede do banco, conhecida como Torre, onde trabalham mais de 5 mil pessoas, Vila Santander (3,5 mil funcionários), Casa 1 (3,5 mil funcionários), Casa 3 (1 mil empregados). Além desses centros administrativos, mais de 150 agências não funcionarão.

O Dia Nacional de Luta dos trabalhadores do Santander Contra a Retirada de Direitos, é uma reação a 7 ataques aos bancários que, com muito trabalho e dedicação, conquistaram um quarto do lucro global do banco espanhol.

“Essa reforma trabalhista é uma encomenda dos empresários e banqueiros ao governo Temer, e os Executivos do Santander saíram na frente implantando diversos pontos dessa nova legislação que visa enfraquecer a organização dos trabalhadores”, afirma Marcelo Gonçalves, dirigente sindical e bancário do Santander.

“Michel Temer é um preposto do presidente do Santander, Sérgio Rial, e ele já está aproveitando para usar seu presente de Natal, que será o aumento da lucratividade da empresa que comanda por meio da retirada de uma série de direitos dos bancários.”

“O governo Temer e os executivos do Santander estão tentando vender a ideia de que o individualismo é uma modernização das relações de trabalho, mas individualmente os trabalhadores não têm força para negociar com o empregador, que detêm o poder econômico e a prerrogativa de demitir aqueles que não aceitarem os termos do empregador. O que irá ocorrer nessas negociações individuais será a imposição dos interesses do banco”, alerta Marcelo.  

“O principal objetivo dessa nova legislação é enfraquecer a organização dos trabalhadores, enquanto a classe patronal está agindo de forma conjunta e coordenada, seja dentro das empresas e bancos, seja na Fenaban, na Fiesp, ou no Congresso Nacional, onde mais de 300 dos 594 parlamentares são empresários ou ruralistas”, afirma Marcelo.