Escrito por: Norian Segatto

Ato na Assembleia de SP contra os leilões...

Pior do que os gringos que querem nos comprar, são os entreguistas que querem nos vender




Plenário lotado na AlespAto na AssembleiaLegislativa de São Paulo reúne dezenas de entidades e destaca a importância deunidade da luta para barrar os leilões de petróleo e aprovar uma nova leienergética no país.


São Paulo, cidadecom mais de 5 milhões de automóveis, deficiente estrutura viária e chuvatorrencial no começo da noite de segunda-feira de 29 de março. Esta combinaçãofez com que um trajeto de dois quilômetros levasse 50 minutos para serpercorrido. A lógica seria que o ato marcado para ocorrer naquele começo denoite fosse adiado, cancelado, ou, simplesmente, um fiasco. Nada disso! Mais de400 pessoas lotaram o auditório Franco Montoro, da Assembleia Legislativa deSão Paulo aos gritos de “o petróleo tem que ser nosso”, “Petrobrás 100% públicae estatal” e outras palavras de ordem e cânticos nacionalistas.

O ato, convocado peloComitê Estadual de Defesa do Petróleo pela Soberania Nacional, contou com aparticipação de do movimento sindical (CUT, CGTB e sindicato dos petroleirosentre outros), partidos políticos (PT, PPL), movimentos sociais, como o MST e omovimento de moradia, e estudantes da UNE e do movimento secundarista. Acoordenação da mesa coube ao petroleiro e ex-dirigente da CUT Nacional, AntonioCarlos Spis.

Uníssono pela soberania

O coordenador daFUP, João Antonio de Moraes, explicou o projeto de lei dos movimentos popularesque se encontra no Congresso e se contrapõe em aspectos fundamentais com oapresentado pelo governo. O projeto dos trabalhadores estabelece o fim dosleilões de petróleo, Petrobrás 100% pública e estatal e criação do FundoSoberano com controle social entre outros pontos. “A caligrafia é da FUP, mas oprojeto é do conjunto dos movimentos sociais”, afirmou Moraes, ressaltando ocaráter unitário da luta.

Coube ao petroleiroaposentado Alberto Souza fazer uma homenagem aos heróis do passado, que forampresos, torturados e deram suas vidas pela luta da criação da Petrobrás nosanos 1950. “Merece menção, também, o General Leônidas Cardoso, nacionalista, epai do grande traidor da pátria, que é esse Fernando Henrique Cardoso”,destacou Alberto.

Em nome dosestudantes, Gabriel Cruz, da UNE, e Ana Letícia, da União Estadual dosEstudantes, relembraram que os estudantes estiveram na frente da batalha nosanos 1940 e 50 e que estão nesta luta atual. “Nossa bandeira é que 50% dopré-sal seja investido em Educação”, afirmou Cruz, destacando a bandeira que aUNE defende.

Danieli, jovemmilitante do Movimento Sem Teto, chamou a atenção para a necessidade deconscientizar melhor a população sobre a importância do pré-sal. “não podemosabaixar a cabeça, é nóis na luta”, finalizou.

Em nome do PartidoPátria Livre, agremiação que busca seu registro legal, Miguel Manso destacouque o pré-sal significa um novo modelo de desenvolvimento para São Paulo. Só naBacia de Tupi, no litoral paulista, a Petrobrás irá criar mais de 40 milempregos diretos, serão utilizadas centenas de pequenas embarcações de apoio,que podem ser construídas em nosso Estado, o pré-sal é um novo marco econômicopara São Paulo”, disse, alertando sobre a tentativa dos conservadores e damídia de mirar o foco do pré-sal apenas no debate sobre os royalties. “Estãoquerendo jogar brasileiros contra brasileiros, não podemos aceitar esse jogo”,afirmou.

Tanto orepresentante da CGTB como da CUT, enfatizaram a necessidade da luta pelo fimdos leilões e da necessária unidade do movimento popular e sindical. “Nãopodemos esquecer que 30% do pré-sal já estão leiloados”, disse Joaozinho, dadireção estadual da CUT.

O representante doMST afirmou que o país é um “imã de bomba”. “Invadiram o Iraque por conta dopetróleo, aqui no Brasil temos as maiores reservas de água do planeta, terra damelhor qualidade para produzir alimentos, riquezas naturais abundantes como opetróleo, o Brasil é um imã de bombas”. Destacou, ainda, que a luta principalnão será travada no Congresso, mas nas ruas. “É importante pressionarmos noCongresso, mas nosso campo de batalha é nas ruas”.

A cada novafalação, estudantes puxavam palavras de ordem e bordões pela soberanianacional.

Falando em nome doPartido dos Trabalhadores, o deputado José Américo reconheceu a timidez do PTnesta luta. “Meu partido ainda deixa a desejar neste debate”, confessou.

Às 22h, horáriodeterminado para o encerramento das atividades, o auditório permanecia com bompúblico ouvindo os oradores. O coordenador do Sindipetro Unificado, ItamarSanches, um dos últimos oradores, enfatizou a necessidade de maior mobilizaçãoe atos para pressionar os parlamentares e envolver mais camadas da população.

“Queremos organizaem conjunto com as várias entidades do movimento popular, social, estudantil esindical um grande ato em Brasília, de preferência em maio, para pressionarmosos congressistas e continuarmos com nossa campanha na rua”, explicou ao finaldo evento, Antonio Carlos Spis.