Escrito por: CUT-RS

Ato de servidores em Osório cobra voto de deputados contra reforma Administrativa

Frente dos Servidores Públicos do RS realiza ato na Praça da Matriz, em Osório, um dos principais redutos eleitorais do deputado Alceu Moreira (MDB)

CPERS Sindicato e Sintrafuje-RS

“Quem votar contra os serviços públicos não volta”. Esse foi recado que a Frente dos Servidores Públicos (FSP-RS), integrada pela CUT-RS, deixou claro na manhã desta quinta-feira (12), durante ato realizado na Praça da Matriz, em Osório, no litoral norte do Rio Grande do Sul. A cidade é um dos principais redutos eleitorais do deputado federal Alceu Moreira (MDB), que faz parte da comissão especial que analisa a reforma administrativa (PEC 32/2020) na Câmara. 

A ação integra uma série de mobilizações em curso para pressionar parlamentares a se posicionarem contra a proposta, que representa o fim dos serviços públicos e escancara as portas para o apadrinhamento e a corrupção.

Estiveram presentes dirigentes de centrais e sindicatos que representam trabalhadores do serviço público federal, estadual e municipal. Foi o segundo ato desse tipo promovido no estado. Em julho, a mobilização foi feita em Santa Rosa, base eleitoral do deputado federal Osmar Terra (MDB).

Antes do ato, o diretor do Sintrajufe/RS e da CUT-RS, Marcelo Carlini, e o diretor da Adufrgs, Jairo Bolter, foram entrevistados pela Rádio Osório, esclarecendo a população sobre os motivos da manifestação, os riscos da reforma administrativa do governo Bolsonaro e a importância de derrotar a PEC 32 para evitar o desmonte dos serviços públicos.

Houve também distribuição de exemplares do gibi do pesadelo da reforma administativa que conta as desventuras da família Silva no dia a dia pós-reforma.

Governo quer acabar com os serviços públicos

Carlini, falando na manifestação, explicou que o objetivo, além de “dar um recado” para Alceu Moreira, era também dialogar com a população. Ele disse que o governo quer acabar com os serviços públicos e transformar tudo em "voucher", isto é, “um cheque para a pessoa comprar os direitos no mercado. Só que ela vai encontrar no mercado todo tipo de produto, mas nenhum deles vai atender àquilo que a pessoa precisa. Não vai ter escola de qualidade, não vai ter direito à saúde, porque o plano não é atender melhor o povo, o plano é destruir o serviço público e meia dúzia ganhar dinheiro com isso".

"Por isso estamos aqui e essa luta é dos servidores públicos, mas também de toda a classe trabalhadora, que é quem precisa de serviços públicos”, destacou. Carlini aproveitou para convocar todos e todas para as mobilizações marcadas para o próximo dia 18 de agosto, data marcada pelas centrais para uma greve nacional dos servidores públicos na luta contra a PEC 32.

Mídia esconde privatização dos serviços públicos

Para a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, barrar a PEC é a única forma de garantir um futuro digno àqueles que mais necessitam. “Nós estamos travando uma luta muito importante. Mais do que lutar pelo servidor público, barrar essa PEC significa lutar pelos direitos da população mais pobre desse país. Para aqueles que contam somente com o serviço público. Porque a grande mídia tenta vender que a reforma vai tirar os privilégios dos servidores públicos, mas eles não contam sobre a privatização que virá se passar a PEC 32”.

Helenir alertou. “Nós temos uma grande responsabilidade e compromisso de alertar as pessoas e dizer para a comunidade o que realmente vai acontecer. Será o fim do serviço público, o fim da saúde pública que tanto tem feito pelo país nessa pandemia. Por isso, estamos aqui hoje para dizer ao Alceu Moreira e todos os outros: deputado que votar contra o serviço público não vai voltar”. 

Não é reforma, é destruição dos serviços públicos

A secretária-geral do Sindserf-RS e secretária do Meio Ambiente da CUT-RS, Eleandra Koch, lembrou que servidores e servidoras já estão sendo duramente penalizados pelas políticas de ajuste e que isso também impacta fortemente a população, o que poderá ser aprofundado com a PEC 32. “Essa não é uma reforma, é, sim, a destruição dos serviços públicos. O que o Paulo Guedes e o Bolsonaro querem é entregar a prestação do serviço público para o mercado”, disse.

Está em jogo o acesso a direitos

Jairo Bolter ressaltou que o que está em jogo é o acesso a direitos: “Não podemos nos esquecer de que não precisamos defender apenas nosso serviço, nosso trabalho, temos que defender o acesso aos serviços. Precisamos fazer com que a sociedade entenda o significado da educação pública, da saúde pública, da segurança pública”, enfatizou o diretor da Adufrgs.

A diretora do Sindiágua-RS, Ângela Câmara, que está na luta contra a privatização da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), apoiou a luta dos servidores. “Enquanto tivermos esses governos federal e estadual, estaremos fadados a sermos banidos, não haverá funcionário público, serviço público e empresa pública”. Por isso, explicou, “estamos aqui lutando por todos”.

Derrotar esse projeto que tira direitos

O diretor do Sintrajufe/RS e da CTB-RS, Fabrício Loguércio, destacou que é uma luta em defesa da continuidade dos serviços públicos. Para ele, a reforma “vai fazer com que quem precisar de qualquer serviço de saúde, educação, justiça, segurança, tenha que pagar. É isso o que a reforma faz. Esse governo representa os interesses do sistema financeiro, dos bancos, da agiotagem, tudo o que eles têm feito desde o início só favorece esses interesses".

O diretor do Sindjus/RS, Marco Velleda, defendeu a necessidade de convencer a sociedade de que os efeitos devastadores da PEC 32 serão para todos e todas. “O que vai acontecer nos municípios é que, de quatro em quatro anos, os prefeitos e vereadores vão escolher quem fica. Temos que derrotar não apenas o governo Bolsonaro, mas a sua política, o seu projeto. Temos que derrotar o projeto que nos tira direitos”, apontou.

Para pressionar os deputados da Comissão Especial, um dos caminhos é acessar o site Na Pressão e enviar mensagens para eles.

Assista ao vídeo 

PEC 32 retira direitos dos servidores e da população

A diretora do Sintrajufe/RS, Arlene Barcellos, lembrou que a luta contra a reforma não começou agora, mas sim em setembro de 2020, quando o governo Bolsonaro, em vez de investir na luta contra a pandemia, encaminhou a PEC 32 ao Congresso “para retirar direitos dos servidores e da população".

"A reforma é a privatização, a precarização e a terceirização do serviço público. Um governo neoliberal e fascista que quer entregar tudo para a iniciativa privada. Eu tenho acompanhado as audiências públicas e é impressionante as falas distorcidas para confundir. Será uma perda enorme para a população. Porém, a nossa luta é incansável, não para reduzir danos, mas para acabar com essa reforma”, destacou Arlene.

A diretora da Assufrgs e da Intersindical, Tamyres Figueira, falou sobre o momento difícil pelo qual passa o país, com um governo que ataca os direitos da população e tem gerado, com suas políticas, desemprego e fome. Com a PEC 32, segundo ela, Bolsonaro ataca a população que utiliza os serviços públicos. 

Calendário de luta

13/8 - 8h30: Seminário sobre Reforma Administrativa, promovida pela Comissão Especial da PEC 32/2020, no Auditório Dante Barone da Assembleia Legislativa do RS.

16/8 - dia todo: Panfletagem de convocação/informação para população

18/8: Greve nacional dos servidores municipais, estaduais e federais contra a PEC 32, com ato às 11h em frente ao HPS e às 18h no Largo Glênio Peres, em Porto Alegre.

Assista à transmissão do CPERS