Escrito por: Henri Chevalier e William Pedreira - CUT Nacional
Em seminário no 4º BlogProg, debatedores ressaltam que movimentos tradicionais precisam ampliar diálogo com os jovens
Crise de representação na ordem institucional, falta de diálogo com os movimentos que representam a juventude e incompreensão das novas formas de organizações populares. A partir desse cenário, traçado durante a mesa "A juventude e a força das novas mídias", realizada neste sábado (17) durante o 4º BlogProg, ativistas digitais enumeraram os obstáculos no avanço de agendas estruturantes para a sociedade, como a Democratização da Comunicação e a Reforma Política.
Para eles, o principal empecilho seria a falta de intercâmbio entre a experiência de entidades históricas e as novas narrativas sociais construídas por movimentos de jovens. "Precisamos rejuvenescer enquanto movimento. Rejuvenescendo, perceberemos que os jovens têm demandas fortes e estão muitas vezes corretos", afirma a ativista Beá Tibiriçá, do Coletivo Digital. "As pessoas, ao invés de aprenderem com o novo, se afastam. E isso é um risco para a Democracia". Segundo Beá, em vez de rechaçar os movimentos de jovens, o que deve ser dito a eles é "venham para as ruas que nós vamos com vocês".
Para ela, a comunicação alternativa pode verdadeiramente colaborar com a construção de uma nova democracia e, portanto, o governo federal deve ampliar o investimento nesse setor. A posição é compartilhada por Pablo Capilé, do Coletivo Fora do Eixo. De acordo com o ativista, parte das insatisfações que tiveram seu auge nas manifestações de junho de 2013 é resultante dos cidadãos não terem condições de contar a própria história em primeira pessoa.
"É inegável que importantes avanços sociais e econômicos foram consolidados nos últimos anos, mas, na Comunicação, continuamos com o mesmo sistema concentrador e monopolizado", afirma Capilé, que ressalta ser vergonhosa a postura do Ministério das Comunicações em relação ao tema. O militante destacou a iniciativa do ex-presidente Lula em assumir com vigor a bandeira da Democratização da Comunicação no Brasil.
Para Renato Rovai, jornalista e blogueiro, muitas pessoas querem se engajar nas discussões sobre Democratização da Comunicação e Reforma Política. O problema é que elas não encontram espaço e não se identificam com os modos de atuação de movimentos tradicionais. "As tecnologias mudam a forma de se relacionar e, também, de se fazer política", aponta.
Capilé apontou como equívoco restringir a análise política a um comparativo entre o período FHC e os governos democrático-populares de Lula e Dilma. "Parte significativa dos jovens que foram às ruas não sabem o que representou o período neoliberal. A grande maioria vê o governo do PT como a mídia apresenta", disse o ativista, ressaltando a necessidade de mudança em relação aos poderes instituídos e dominados pela elite.