Escrito por: Redação CUT

Assassinato de trabalhador rural no Pará provoca ocupação da BR-010

Cerca de mil famílias acampadas protestaram em Ipixuna do Pará após a morte de Sebastião Lopes, no estado que sedia a COP 30. Agricultores exigem justiça, proteção e fim dos despejos

Instagram /Contraf Brasil

Cerca de mil famílias de acampados da reforma agrária ocuparam neste domingo (9) a BR-010, no trecho do município de Ipixuna do Pará, em protesto contra o assassinato covarde do trabalhador rural Sebastião Orivaldo da Fonseca Lopes, ocorrido na última sexta-feira (7). O crime reacende o alerta sobre a escalada da violência no campo e expõe a urgência de ações concretas por parte do governo federal e estadual.

Sebastião era agricultor familiar e militante da luta pela terra. Sua execução, segundo os movimentos sociais, representa mais um capítulo da impunidade que marca os conflitos agrários no estado do Pará — o mesmo que acaba de receber a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), voltada à construção de um futuro sustentável.

“Queremos justiça para Sebastião! Com a prisão imediata dos responsáveis por seu assassinato”, afirmam os manifestantes em nota no Instagram. Além da responsabilização dos autores e mandantes, os agricultores. Na mesma nota, exigem proteção para as 39 lideranças ameaçadas de morte e investigação rigorosa dos casos de tortura e ameaça registrados nos últimos meses.

Veja a nota aqui.

A mobilização ocorreu de forma pacífica às margens da rodovia, mas ainda não houve resposta oficial das autoridades. Os trabalhadores e trabalhadoras familiares também reivindicaram, também, a suspensão dos despejos e o assentamento imediato das famílias acampadas, que vivem sob constante insegurança jurídica e social.

A Contraf Brasil/CUT também se manifestou, exigindo providências imediatas. “Basta de derramar nosso sangue no Pará. Nós queremos terra para viver e produzir alimentos saudáveis, justiça e paz para criar nossos filhos”, declarou a entidade em nota.

“Este não é um caso isolado. Só neste ano, já tivemos vários episódios de tortura: famílias inteiras amarradas em frente às suas casas enquanto jagunços ateavam fogo nas moradias; crianças torturadas por horas dentro de caixas d’água para que as famílias revelassem o paradeiro de lideranças destinadas à execução. Este é o resultado direto da omissão do Estado brasileiro, que, mesmo avisado reiteradas vezes, nada fez para proteger as vidas ameaçadas”, escreveu a CONTRAF.

Veja nota da Contraf aqui.