Escrito por: Redação CUT
Toda vez que o Sindicato dos Agentes Penitenciários pede mais segurança no ambiente de trabalho para as autoridades locais, os criminosos mandam cartas ameaçadoras. Judiciário e Governo nada fazem
Há dois anos o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná recebeu a primeira carta de presos com ameaças e pediu providências ao Judiciário e ao Executivo. Nada foi feito. Outras vieram.
Depois de um atentado na Penitenciária Estadual de Piraquara I (PEP I), que resultou na fuga de 29 integrantes de uma facção criminosa, em setembro, o SINDARSPEN oficiou vários órgãos do Executivo, Judiciário e Legislativo alertando que os agentes penitenciários da unidade estavam correndo riscos e pedindo mais segurança no local de trabalho.
O presidente do sindicato, Ricardo Miranda, recebeu mais uma carta sem remetente reclamando que, ao denunciar para a imprensa os perigos que os agentes correm ele estava prejudicando os presos e desafiando a sua força.
Sem um remetente específico, a carta que foi enviada pelos Correios e o endereço do remetente usado foi o do Departamento Penitenciário (Depen), fala que ao denunciar para a imprensa os perigos que correm os agentes, o Sindicato estaria prejudicando a “família” e “desafiando a força” dos criminosos.
Um trecho da carta com vários erros gramaticais, os presos avisam Ricardo que ele "deveria deixar a família de lado ‘maiz’ o senhor pago pra ver agora o senhor vai ter as consequências nossos irmãos forão mandados pra presídio federal então o senhor tá desafiando a nossa força fica indo na imprensa noz prejudica e acabarão mandando nossos irmãos pro veneno”.
Em outro trecho, os presos pedem a volta do antigo gestor do Depen. “O senhor tem que aproveita a mudança de governo e traze seu Cezinando de volta para o depen ele sim sabe lidar com os prezos”.
O advogado Cezinando Paredes era vice-diretor do Depen até maio deste ano, quando o comando da pasta foi mudando pela governadora Cida Borghetti. Paredes integrou várias gestões do Depen como adjunto e diretor do Departamento.
Em janeiro do ano passado, após a explosão de um muro também na PEP I, que facilitou a fuga de 26 presos, o SINDARSPEN já havia denunciado para as autoridades e para a imprensa o descaso com a falta de estrutura de trabalho dos agentes. Na época, correspondência similar também foi enviada ao Sindicato com ameaças ao presidente da entidade.
Pedido de providências
Nesta quarta-feira (5), o SINDARSPEN protocolou mais um pedido de providências no DEPEN, no Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO) e no Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (GAESP) do Ministério Público.
O Sindicato quer que seja investigada a veracidade e a gravidade da carta.