Escrito por: Rosely Rocha e André Accarini
CUT, centrais, movimentos populares e lideranças políticas às ruas de São Paulo junto a população para defender a soberania, direitos trabalhistas e a punição para golpistas
Nas ruas do centro de São Paulo, a população deu seu recado no 7 de Setembro do Povo, mobilização que também foi realizada em mais de 35 cidades pelo Brasil . Entre as pautas, a defesa da democracia, a soberania nacional e a punição para golpistas foram unanimidade. O ato principal ocorreu na Praça da República, organizado pela CUT, centrais sindicais e frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, reunindo lideranças políticas, sindicais, movimentos populares e militância de diversos setores.
O clima da manifestação trouxe o espírito de defesa da pátria como prioridade, ressaltando que proteger o Brasil significa garantir justiça social e direitos para o povo. Com as cores verde e amarela nas roupas, além faixas e bandeiras com dizeres como “O Brasil é dos Brasileiros”, “Fim da escala 6x1”, “Golpistas na cadeia”, “Bolsonaro na cadeia”, “Taxar os super-ricos” e “Eu defendo o Brasil”, os participantes também participaram da coleta de votos para o plebiscito popular.
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O ato resgatou símbolos nacionais que haviam sido sequestrados pela extrema direita nos últimos anos e denunciou ações recentes do governo dos Estados Unidos, sob Donald Trump, ligadas ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Sob o lema “Quem manda no Brasil é o povo brasileiro”, lideranças reforçaram que a defesa da soberania também passa por resistência a sanções externas.
O presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, destacou a importância dos atos e o caráter histórico deste 7 de setembro, elencando os principais fatos que devem mobilizar a população. Entre eles a punição aqueles que planejaram um golpe de Estado no país – entre eles, o ex-presidente Jair Bolsonaro e a defesa da soberania do Brasil, atacada entre outros motivos, pelo tarifaço de Donald Trump ao Brasil.
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Lideranças políticas
Durante ato, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, reforçou a necessidade de avanço em pautas econômicas consideradas urgentes pelo governo e cobrou ação imediata do Congresso Nacional. Em seu discurso, Marinho destacou: “Cabe a urgência do Congresso aprovar o imposto de isenção do imposto de renda, o projeto de gestão do imposto de renda, assim como sabe aprovar o fim das 6 por 1, a redução da jornada máxima do trabalho, mas isso eu não tenho certeza que farão.”
Marinho vinculou a pauta econômica à defesa da democracia e da soberania, transmitindo recados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à militância. “Aqui quem manda é o povo brasileiro, homens e mulheres”, afirmou, ao criticar interferências externas e reforçar que decisões sobre eventuais punições cabem exclusivamente ao Supremo Tribunal Federal.
Marinho ainda destacou a necessidade de unidade entre partidos de esquerda e o fortalecimento da representação popular: “Se nós queremos avançar, nós precisamos não simplesmente reeleger o presidente Lula, mas derrotar a burguesia, a elite paulista, elegendo o governador do povo paulista e reformando o Congresso, que é outra necessidade. Nós precisamos para valer as duas vagas do Senado aqui de São Paulo. Porque ninguém sabe quem são os senadores que representam. Da mesma forma, ampliar a bancada de esquerda federal e estadual.”
O ministro também cobrou medidas do Banco Central para redução de juros e defendeu políticas de distribuição de renda e geração de emprego, afirmando que “o nosso desafio para o próximo período é fazer uma grande reforma da renda no Brasil”. Marinho concluiu reforçando que a mobilização da militância e a pressão popular são essenciais para garantir avanços sociais e econômicos, além de consolidar a defesa das instituições democráticas.
Elineudo Meira / @fotografia.75
Também presente ao ato em São Paulo, o ministro do desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, criticou as tentativas da anistia aos golpistas e defendeu a legislação em defesa do Estado democrático de direito. O governador do estado, Tarcísio de Freitas, também foi citato pelo ministro.
“Golpistas que vieram da ditadura militar, torturadores que estão no centro do governo passado, agora o caminho de vocês é um xadrez, Tarcísio, se você quiser ser candidato a presidente, nós vamos ganhar a presidência com Lula e vamos ganhar o governo do estado de São Paulo igualmente para que o povo governe o estado de São Paulo”, disse o ministro.
Teixeira também abordou regulação de redes sociais e justiça fiscal, “Soberania é dizer pro Instagram, pro Facebook, pro X, quem regula as redes sociais é o Congresso Nacional e não aceitaremos imposição estrangeira sobre as redes sociais. Soberania é botar o rico no imposto de renda e no orçamento e ter justiça tributária, investir em educação, investir em saúde, diminuir as desigualdades sociais do Brasil”, disse.
Elineudo Meira / @fotografia.75
O deputado federal Guilherme Boulos (Psol) afirmou que “a esquerda é que realmente defende o Brasil” durante os atos de 7 de Setembro em São Paulo. Ele criticou a apropriação dos símbolos nacionais por grupos de direita nos últimos anos e destacou que “quem defende de verdade o Brasil é o presidente Lula, é o nosso campo. Não aqueles que vão lá para conspirar e propor sanções contra o nosso país.”
Boulos também repudiou tentativas de anistia a golpistas: “Anistia é falta de golpista competente. Essa turma não teve competência nem para dar golpe de Estado.” O deputado reforçou ainda demandas populares, como a isenção do imposto de renda para 90% da população, a taxação dos super-ricos e o fim da escala 6 por 1.
Boulos afirmou ainda que a expectativa da população é de responsabilização dos envolvidos nos ataques à democracia: “A expectativa é que Bolsonaro seja condenado, preso, e a gente faça festa na rua e churrasco na sexta-feira.”
Elineudo Meira / @fotografia.75
Edinho Silva, presidente nacional do PT, destacou em seu discurso a força do movimento sindical e popular na luta pela democracia e pela soberania, o que envolve julgar e punir os responsáveis pela trama por um golpe de Estado no país, em 2022 e 2023.
“Este momento é fundamental para não haver anistia. Não deve haver anistia para golpistas. Quem defende anistia defende assassinos. Não sairemos das ruas”, disse Edinho. Ele também reforçou que é importante a população ter consciência do momento que o mundo passa.
“Vivemos a ascensão do fascismo no mundo. Trump é o maior líder fascista do século 21. Estamos vencendo o crescimento do fascismo no Brasil e cabe a nós derrotá-lo. A derrota do fascismo passa, primeiro, por entendermos a importância da reeleição de Lula em 2026”. Edinho afirmou que a reeleição significa “aprofundarmos o país na democratização dada renda”.
“Queremos um país sem privilégios, que democratize a renda. Por isso, é importante aprovarmos a isenção do IR para quem ganha até 5 mil. A reeleição de Lula significa avançarmos no debate da diminuição da carga de trabalho dos trabalhadores (...) significa fortalecer políticas públicas para que sejamos um país mais igualitário. E Significa derrotarmos o fascismo e dizermos ao mundo que o fascismo no Brasil não vai dar exemplo. Um exemplo para o mundo que se ajoelha a Trump.”
Elineudo Meira / @fotografia.75
Lideranças sindicais e de movimentos populares
Ao Portal da CUT, o secretário-geral da CUT, Renato Zulato, destacou a importância da mobilização do movimento sindical e de movimentos populares em defesa da democracia e da soberania nacional. “As centrais sindicais e os movimentos sociais estão na rua contra a anistia, em defesa da soberania popular. O Brasil é nosso e de todos que moram no Brasil”, afirmou.
Zulato reforçou a necessidade de responsabilização dos envolvidos em tentativas de golpe: “Não vamos sair da rua enquanto não houver o processo de condenação dos golpistas, o processo de condenação de Bolsonaro, dos generais e dos civis que tentaram dar um golpe no Brasil em janeiro de 2023.”
Ele também relacionou a defesa da soberania à proteção dos direitos da classe trabalhadora: “Defender a soberania nacional, defender a soberania popular, é defender a classe trabalhadora no Brasil.”
O dirigente ainda abordou a importância de políticas econômicas voltadas à indústria e ao emprego: “Quanto ao ‘tarifaço’ do presidente Trump, nós, da indústria e nós, trabalhadores, o governo brasileiro vai lutar até o fim para defender os empregos, a produção de qualidade, gerar mais emprego e mais direitos aqui no Brasil.”
“O Brasil é dos brasileiros”. Com essa frase, a secretária de formação da CUT, Rosane Bertotti, destacou durante os atos de 7 de Setembro em São Paulo a importância de celebrar a democracia e os direitos dos trabalhadores.
Ela afirmou que “para o Brasil ser dos brasileiros, precisa que cada brasileiro tenha um prato de comida, que as mulheres tenham liberdade e que a gente tenha trabalho digno” e relacionou a luta com pautas econômicas: “Defender o fim da 6 por 1 e a tabela do imposto de renda para quem ganha até R$ 5.000 é parte da democracia, é parte do Brasil.”
Rosane também ressaltou a tradição da CUT de unir formação e mobilização, afirmando que “a formação também se faz no espaço da rua” e destacando os 42 anos de história da central em defesa dos direitos trabalhistas e da soberania nacional.
Raimundo Bonfim, coordenador da Central dos Movimentos Populares (CMP), ressaltou a importância da população ocupar as ruas para defender a soberania e a democracia, além dos direitos da classe trabalhadora. “Hoje é um 7 de setembro que ficará marcado na história do nosso país, porque faz uma junção entre a defesa da soberania e da democracia. Não é sem soberania que há democracia, e para que haja democracia não é possível permitir anistia”, afirmou. Bonfim destacou que a luta social deve incluir direito à moradia, saúde, educação, aposentadoria, salário justo e renda, reforçando que essas pautas são inseparáveis da defesa da democracia.
Ele criticou ainda a atuação de forças políticas que, segundo ele, tentam subordinar o Brasil a interesses externos, prejudicando a economia e os empregos do país. “Infelizmente, forças políticas do Brasil, como Bolsonaro e seu núcleo mais próximo, dialogam com Estados Unidos para prejudicar nossa economia, nossos empregos e não permitir que nós, enquanto povo brasileiro, sejamos os únicos responsáveis pelo destino do nosso país”, disse. Bonfim concluiu destacando a importância da união entre movimentos populares, sindicatos e partidos progressistas, afirmando que o 7 de Setembro representa um grito coletivo por um Brasil soberano, justo e independente.
Liderança do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra (MST), Gilmar Mauro, destacou a importância da militância na defesa da democracia e dos direitos populares. “Para mim, a militância é o maior patrimônio que a gente já construiu. Nós enfrentamos uma ditadura militar e vencemos. Nós enfrentamos governos de direita e nos mantivemos em pé. Nós enfrentamos uma pandemia e um governo neofascista e nos mantemos altivos”, afirmou.
Mauro ressaltou a resistência do movimento frente às pressões externas e tentativas de subserviência: “Os Estados Unidos estão numa crise brutal e querem um governo subserviente no nosso país. Querem os nossos recursos naturais e querem lambe-botas, estilo Tarcísio, para governar este país. Não vão ter.”
O líder do MST concluiu reforçando a necessidade da mobilização popular para garantir soberania e avanços sociais: “Nós precisamos que a militância agora nas ruas se prepare, porque 2025 e 2026 nós não podemos deixar o Lula sozinho, e ele não vai ficar sozinho, porque sem terra, sem teto, jovens, movimento popular, sindical, progressistas desse país não negarão a história que nós faremos no enfrentamento aos passistas. A luta para um dia termos soberania plena, verdadeira democracia com reforma agrária e reforma urbana depende da luta da militância que aqui está e de milhões nesse país. Em frente, camaradas, venceremos mais essa e batalhas que virão.”
Elineudo Meira / @fotografia.75
A voz do povo
Nas ruas, a população deu seu recado no 7 de setembro. Entre as pautas, a defesa da democracia e a punição para golpistas foi unanimidade. Manifestantes de diferentes profissões e idades se uniram para cobrar justiça, soberania e direitos da classe trabalhadora, reforçando o papel ativo do povo na construção de um país mais justo.
Maria de Fátima Mateus de Faria, webmaster: “Não podemos permitir que atos criminosos contra a democracia se repitam. Estamos aqui para que os golpistas sejam julgados e condenados e para lutar pelos direitos de todos os trabalhadores.”
Rafael Leal, educador: “Precisamos tirar o medo do coração e ir para a rua. O Brasil tem que manter uma postura firme como país soberano e independente, sem que influências estrangeiras ditem quem somos e como vivemos.”
Beatriz Pacheco, fonoudióloga: “Não dá para ter impunidade. O que mais me assusta é a possibilidade de anistia para esses golpistas, que causaram 700 mil mortes e usaram a máquina pública contra a democracia.”
Barão de Azevedo de Pontes, biólogo, empreendedor e ativista ambiental: “É uma vitória lutar pelos direitos da classe trabalhadora, pela soberania e pela independência do Brasil. Precisamos continuar mobilizados e convencer quem ainda não entendeu que o país é nosso.”