Escrito por: CUT MT
Evento reuniu trabalhadores em Cuiabá para discutir os impactos das ameaças internacionais e fortalecer a resistência por direitos sociais, com foco na construção de um Brasil mais justo e igualitário
A 14ª Plenária Estadual da CUT Mato Grosso, que aconteceu entre os dias 1º e 2, em Cuiabá, foi marcada pela defesa da soberania nacional e diante das tentativas de intimidação provocadas pelo tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil. Além disso, a Plenária Estadual debateu as pautas de interesse dos trabalhadores e trabalhadoras e definiu o plano de lutas para o próximo período.
Com o tema “Novos Tempos, Novos Desafios”, as entidades que partiparam do evento ressaltaram a importância de os trabalhadores retomarem o protagonismo nas lutas por justiça social e por um Brasil mais justo e solidário.
Durante a abertura da plenária na sexta-feira (1), o presidente da CUT-MT, Henrique Lopes, ressaltou a importância da mobilização dos sindicatos e ramos na etapa preparatória para a 17ª Plenária Nacional da CUT que acontece em outubro, em São Paulo. O evento debaterá os novos tempos e seus impactos na luta de classes. “O país tem dono, e esse dono é o povo brasileiro”, reforçou.
Representando o Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), a vice-presidenta da CUT-MT, Maria Celma Oliveira, destacou os crescentes desafios enfrentados pelos trabalhadores e trabalhadoras. 'Vivemos um momento de parar e refletir', afirmou. 'Estamos vendo o aumento da informalidade, o avanço da terceirização e do subemprego, inclusive na educação. Precisamos pensar: que tipo de mundo queremos construir? Essa reflexão envolve, por exemplo, debater a militarização das escolas.
No sábado (2), ocorreu o debate “A geopolítica, a nova ordem mundial e os reflexos para o Sul Global, com ênfase no Brasil em 2026”, com a participação do educador popular Jeová Simões e do professor doutor da UFMT, Marcos Caron.
Jeová Simões destacou as profundas transformações sociais e as mudanças no mundo do trabalho, abordando as dinâmicas sociais, econômicas e, sobretudo, tecnológicas. Ele enfatizou o papel fundamental dos sindicatos nesse contexto, que também impacta as relações humanas.
Debate sobre IA
Jeová Simões analisou as transformações no cenário global, destacando como a globalização, o multilateralismo e as novas dinâmicas internacionais estão redefinindo as relações de trabalho e de poder. Segundo ele, os sindicatos precisam se reinventar para enfrentar essa realidade, incorporando debates urgentes como os impactos da inteligência artificial e os desafios da automação.
"Vivemos uma era de inflação generalizada, concentração de poder econômico nas grandes big techs e domínio de países que controlam os recursos estratégicos globais", alertou. "Enquanto isso, no Brasil, a prioridade tem sido o equilíbrio fiscal."
Diante desse contexto, Jeová defendeu que o movimento sindical deve assumir um papel protagonista, mobilizando-se para influenciar ativamente a formulação de políticas sociais capazes de responder a esses novos desafios.
Já o professor Marcos Caron destacou a necessidade de o país ter um jogo próprio, como o dos BRICS, sem abrir mão de interagir no tabuleiro internacional.
“O país tem um papel relevante, especialmente em um contexto em que o domínio comercial do dólar é questionado por novas articulações globais. Uma revolução silenciosa, que passa por moedas, sistemas financeiros e cadeias produtivas alternativas”, ressaltou.
Transformações no mundo do trabalho
Henrique Lopes, presidente do Sintep-MT, destacou a relevância do momento atual para refletir sobre os cenários internacional, nacional e estadual. "A temática é extremamente pertinente: vivemos novos tempos com desafios inéditos para a classe trabalhadora", afirmou.
“O impacto das relações comerciais na geração de emprego e renda e a necessidade de valorização profissional. Tudo isso se insere numa disputa por um novo projeto de sociedade", concluiu Lopes, enfatizando a dimensão política dessas transformações.